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03/08/2010

BIOGRAFIA DE SYD BARRETT

Falar do início do Pink Floyd é falar de Syd Barrett. Roger Keith Barrett nasceu no dia 6 de janeiro de 1946, em Cambridge e na escola ganhou o apelido de Syd.
Ainda estudante, Syd ficou amigo de Roger Waters e David Gilmour e começou a tocar em várias bandas: The Abdabs, The T-Sets, Sigma 6 e no Meggadeath.
Nessas bandas começou a tocar com Bob Close, Nick Mason e Rick Wright, além do próprio Roger Waters. Quando Bob Close saiu, Syd resolveu que era hora deles terem sua própria banda.
Nascia assim o Pink Floyd, nome tirado de dois bluesmen que Barrett adorava: Pink Anderson e Floyd Council.
Syd era uma pessoa extremamente criativa, inteligente, mística e carismática. Antenado com o que acontecia do outro lado do Atlântico, especialmente as bandas californianas como o Love, também tinha paixão por ícones do passado, como Bo Diddley, uma de suas maiores influências como guitarrista. Barrett era o principal compositor e líder do Floyd, escrevendo quase todas as músicas e sendo o grande destaque.
O grupo conseguiu fazer shows longos em casas como o UFO e o Rondhouse e no Marquee Club, onde dividiam o palco com o Soft Machine, então liderado por Daevid Allen.
O grupo começava a mostrar suas primeiras composições próprias. Entre os fãs estava o diretor Peter Whitehead que os convidou para participarem da trilha-sonora do filme Tonite Let's All Make Love in London.
O grupo participou com duas faixas: uma longa performance de "Interstellar Overdrive" e uma outra faixa chamada "Nick's Boogie". Em 1995 foi lançado um EP chamado London '66-'67, contendo essas duas faixas e fotos e um texto sobre o grupo.
Em alta, montam a Blackhill Enterprises junto com os empresários Peter Jenner e Andrew King que tomavam conta da banda.
capa do compacto Arnold LayneO sucesso acaba rendendo um contrato com a Columbia e, em março de 1967, lançam o primeiro compacto, Arnold Layne, que contava a história de um menino que roubava calcinhas no varal e que as vestia. Segundo Roger Waters, o personagem era real e ele roubava as peças íntimas de sua mãe e também da mãe Syd, em Cambridge. E, apesar do personagem ser um travesti, o compacto chegou ao Top 20, até ser banida pela Radio London, pelo tema. O lado B trazia "Candy and a Currant Bun", outra canção polêmica, já que tinha o sugestivo título de "Let's Roll Another One" ("Vamos Enrolar Outro") e trazia a frase "I'm high - Don't try to spoil my fun" ("estou chapado, não estrague minha diversão") e o disco foi produzido por Joe Boyd.
capa do compacto See Emily PlayEm junho é lançado outro compacto ainda mais antológico; See Emily Play. A canção tinha o nome de "Games for May" quando a tocaram no Queen Elizabeth Hall. Segundo, Barrett, a canção foi feita após ver a menina de nome Emily andando pelo bosque onde dormia após tomar ácido.
Emily seria, na verdade, Emily Young, e conhecida como a garota psicodélica do clube UFO. O compacto fez um enorme sucesso, chegando à 6ª posição e colocando o Floyd bem perto da fama. O lado B trazia "The Scarecrow".
Apesar do sucesso, o compacto foi palco para brigas entre Syd e o produtor Norman Smith, especialmente pela edição final. Extremamente criativo, Syd fez um slide na guitarra com um isqueiro.
Essa gravação foi particularmente importante para um futuro membro: David Gilmour. "Syd me ligou em casa perguntando se eu não queria aparecer no estúdio e fazer uma visita. Fiquei espantado quando lá cheguei, pois ele sequer me reconheceu e nem se lembrava que tinha me telefonado." Segundo David, Syd começava a mostrar os primeiros sinais de problemas mentais que o faria ser expulso do Floyd.
O sucesso começou a alterar a rotina da banda e Syd experimentava uma pressão insuportável para seus padrões. Enquanto gravavam o compacto, o grupo começou a escrever novas composições para o disco de estréia. A banda gravava no estúdio 3 do lendário Abbey Road, enquanto os Beatles estavam no estúdio 2 gravando Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band.
capa do disco The Piper at the Gates of DawnEm agosto é lançado o primeiro LP, The Piper at the Gates of Dawn. O disco mostra todo o mundo peculiar de Syd. Autor de oito das 11 faixas, além de ser co-autor dos temas instrumentais - "Interstellar Overdrive" e "Pow R. Toc H." - Syd falava de gnomos, espantalhos, de um gato demoníaco, e criava climas incomuns.
A produção mais uma vez estava com Norman Smith. Norman lembra que as gravações foram tensas e que não estava muito satisfeito com a pouca técnica dos quatro membros do Floyd, que segundo ele, dificultaram bem sua vida.
As gravações aconteceram entre fevereiro e julho de 1967. Uma das canções mais difíceis de gravar foi "Bike". Originalmente intitulada "The Bike Song", Norman conta que Syd tinha um modo muito peculiar de usar as letras com a música.
Além disso, Syd não conseguia repetir duas vezes o solo em estúdio. "Ele fazia uma versão e cinco minutos depois fazia outra inteiramente diferente e era praticamente impossível editar. Ele fez minha vida um inferno."
"Interstellar Overdrive" foi outro exemplo de como ele trabalhava. Segundo Andrew King, Syd foi até a mesa de som e mexeu nos equalizadores de qualquer maneira, sem uma ordem específica. "Ele fazia as coisas de uma maneira artística."
A capa foi fotografada por Vic Singh e o título foi tirado do sétimo capítulo do romance The Wind in the Willows, de Kenneth Grahame.
O disco foi lançado em 5 de agosto e conseguiu a sexta posição na parada britânica. Na América foi lançado em novembro, apenas com o nome Pink Floyd, embora o título do disco aparecesse na contra-capa, igual à edição britânica, ficando apenas na 131ª posição e com faixas trocadas.
Eis as músicas da edição inglesa:
Lado 1
1. "Astronomy Domine" – 4:12
* Lead vocals: Syd Barrett and Rick Wright
2. "Lucifer Sam" – 3:07
* Lead vocals: Syd Barrett
3. "Matilda Mother" – 3:08
* Lead vocals: Rick Wright and Syd Barrett
4. "Flaming" – 2:46
* Lead vocals: Syd Barrett
5. "Pow R. Toc H." (Syd Barrett, Roger Waters, Rick Wright, Nick Mason) – 4:26
* Vocalisations: Syd Barrett and Roger Waters
6. "Take Up Thy Stethoscope and Walk" (Roger Waters) – 3:05
* Lead vocals: Roger Waters

Lado 2
1. "Interstellar Overdrive" (Syd Barrett, Roger Waters, Rick Wright, Nick Mason) – 9:41
* Instrumental
2. "The Gnome" – 2:13
* Lead vocals: Syd Barrett
3. "Chapter 24" – 3:42
* Lead vocals: Syd Barrett
4. "The Scarecrow" – 2:11
* Lead vocals: Syd Barrett
5. "Bike" – 3:21
* Lead vocals: Syd Barrett

As faixas da edição norte-americana são:
Lado 1
1. "See Emily Play" – 2:53
* Lead vocals: Syd Barrett
2. "Pow R. Toc H." (Syd Barrett, Roger Waters, Rick Wright, Nick Mason) – 4:26
* Instrumental
3. "Take Up Thy Stethoscope and Walk" (Roger Waters) – 3:05
* Lead vocals: Roger Waters
4. "Lucifer Sam" – 3:07
* Lead vocals: Syd Barrett
5. "Matilda Mother" – 3:08
* Lead vocals: Syd Barrett and Rick Wright

Lado 2
1. "The Scarecrow" – 2:11
* Lead vocals: Syd Barrett
2. "The Gnome" – 2:13
* Lead vocals: Syd Barrett
3. "Chapter 24" – 3:42
* Lead vocals: Syd Barrett
4. "Interstellar Overdrive" (Syd Barrett, Roger Waters, Rick Wright, Nick Mason) – 9:41
* Instrumental

Ao longo dos anos, o disco foi ganhando edições especiais e recentemente foi editado uma comemorativa de 40 anos, com e CDs. Nos dois primeiros o disco aparece em mono e em estéreo. O terceiro traz as seguintes faixas:
1. "Arnold Layne" - 2:57
2. "Candy and a Currant Bun" - 2:45
3. "See Emily Play" - 2:54
4. "Apples and Oranges" - 3:05
5. "Paint Box" - 3:45
6. "Interstellar Overdrive" (Take 2/ French EP Version) - 5:15
7. "Apples and Oranges" [stereo] - 3:11
8. "Matilda Mother" (Belloc Version) - 3:09
9. "Interstellar Overdrive" (Take 6) - 5:03
capa do compacto Apples and OrangesO sucesso do disco faz com que saiam em excursão com o Jimi Hendrix Experience e o Move. Syd e Jimi acabariam bons amigos durante a viagem.
Em novembro é lançado um terceiro compacto, Apples and Oranges. O lado B trazia "Paintbox" e marca a participação derradeira de Barrett. Segundo o próprio compositor, a canção marcava uma nova sonoridade para a banda. O lado B segue sendo a minha canção favorita de todo catálogo floydiano, apesar de Wright detestar seus vocais.
Syd começa a mostrar sinais perturbadores e no programa Top of the Pops vai sem barbear e com um ar distante, vago. Mesmo em tais condições, o grupo parte para a América, o auge da loucura do mentor, quando se recusou a dublar as canções em programas televisivos, desafina a guitarra constantemente e até sai do palco. A excursão acaba sendo abortada e a banda decide por sua expulsão.
Expulsar Syd, no entanto não era tarefa fácil, especialmente para Roger Waters. Enquanto procuram uma maneira para isso, chamam David Gilmour e o grupo fica durante dois meses como um quinteto.
"Eu conhecia Syd desde os 15 anos e meu grupo costumava abrir para o Floyd, em Cambridge e me juntei a eles no Natal de 1967. Foi uma experiência estranha ficar ao lado dele. Syd já era um mito, uma lenda viva. Era algo paranóico a convivência com ele. Quando produzi seus discos-solos quase enlouqueci. O que aconteceu com ele foi uma das mais tristes histórias dentro da música. Ele era um compositor fantástico e em seus melhores dias, quando estava bem, era capaz de bater Ray Davies (dos Kinks)."
A entrada foi traumática para Gilmour, que confessa ter levado meses para se sentir um membro do grupo e não apenas um tapa-buraco. O grupo já estava começando a gravar o segundo disco, A Saucerful of Secrets, uma verdadeira maratona. As gravações aconteceram entre agosto e outubro de 1967 e janeiro até abril de 1968.
O disco traz os dois guitarristas nas sete faixas do disco. Syd participou de três - "Remember a Day", "Set the Controls for the Heart of the Sun" e "Jugband Blues" (essa última de sua autoria).
Ele queria a inclusão também de "Vegetable Man", recusada por ser autobiográfica demais. Outra canção de Syd recusada na época era "Scream Thy Last Scream". Essas três canções foram gravadas em 1967 e finalmente a banda resolveu por mandar Barrett embora, em março de 1968.
"Foi um período duro porque havia o acordo entre os quatro membros originais e os empresários Peter Jenner e Andrew King como Blackhill", segundo Rick Wright. A solução foi encontrada após o novo Pink Floyd sair da companhia e chamar Brian Morrison para ser o empresário.
"Tínhamos que voltar a ser um novo grupo. Todos achavam que o Pink Floyd era a banda de Syd e que sem ele, nada daria certo", conta Gilmour. Wright lembra com alívio a saída do ex-líder. "Meu Deus, ele estava louco. Aquelas canções malucas, suas atitudes. Finalmente, poderíamos voltar a tocar."
Syd não havia gostado particularmente da composição "Set the Controls for the Heart of the Sun" de Roger Waters e que levava o grupo para uma direção que não aprovava. Aliás, essa é a única canção em que o quinteto atuou junto. Roger Waters resolveu tomar posse do grupo, mas Rick Wright colaborou com duas faixas: "See-Saw" e a linda "Remember a Day".
capa do disco A Saucerful of SecretsQuando lançado, A Saucerful of Secrets alcançou o nono lugar na parada britânica, mas foi o único disco da banda a não entrar na parada norte-americana.
Para muitos, o disco marca a fase space rock da banda e trazia as seguintes faixas:
Lado 1
1. "Let There Be More Light" (Roger Waters) – 5:38
* Lead vocals: Rick Wright, David Gilmour, and Roger Waters
2. "Remember a Day" (Rick Wright) – 4:33
* Lead vocals: Rick Wright
3. "Set the Controls for the Heart of the Sun" (Roger Waters) – 5:28
* Lead vocals: Roger Waters
4. "Corporal Clegg" (Roger Waters) – 4:13
* Lead vocals: David Gilmour and Nick Mason

Lado 2
1. "A Saucerful of Secrets" (Roger Waters/Rick Wright/David Gilmour/Nick Mason) – 11:57
* Instrumental
2. "See-Saw" (Rick Wright) – 4:36
* Lead vocals: Rick Wright
3. "Jugband Blues" (Syd Barrett) – 3:00
* Lead vocals: Syd Barrett

A capa do disco trazia uma imagem do Living Tribunal dos quadrinhos Marvel, no canto alto à esquerda.
Após o disco, três compactos acabaram sendo lançados:
It Would Be So Nice" / "Julia Dream" (19 April 1968, 7" UK release)
"See Emily Play" / "The Scarecrow" (22 July 1968, U.S. re-release 7")
"Point Me at the Sky" / "Careful with That Axe, Eugene" (6 December 1968, 7" UK release)
Com eles, a banda enterrava de vez a fase Barrett e começaria uma nova e produtiva carreira como um dos ícones do rock progressivo.
Antes de encerrar a coluna, deixo uma curiosidade: na década de 90, os três primeiros compactos do grupo com Syd - See Emily Play, Arnold Layne e Apples and Oranges, com seus respectivos lados B, foram editados em um formato que imita as capas de vinil. Uma preocisidade que vale ter. A minha cópia não vendo por nada.
Um abraço e até a próxima coluna.
Discografia
The Piper at the Gates of Dawn (1967)
A Saucerful of Secrets (1968)
Soundtrack from the Film More (1969)
Ummagumma (1969)
Atom Heart Mother (1970)
Relics (1971)
Meddle (1971)
Obscured by Clouds (1972)
The Dark Side of the Moon (1973)
A Nice Pair (1973)
Wish You Were Here (1975)
Animals (1977)
The Wall (1979)
A Collection of Great Dance Songs (1981)
The Final Cut (1983)
Works (1983)
A Momentary Lapse of Reason (1987)
Delicate Sound of Thunder (1988)
Shine On (1992)
The Division Bell (1994)
P•U•L•S•E (1995)
Is There Anybody Out There? (2000)
Echoes: The Best of Pink Floyd (2001)
Oh, By The Way (caixa com 14 CDs, 2007)



Um comentário:

  1. Obrigado pelo histórico e referências.
    Remember a Day é mesmo uma música linda.
    É a música-tema de um namoro que continua até hoje.

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