A história do atelier que criou capas míticas do Pink Floyd ou Peter Gabriel surge num documentário. A aventura da Hipgnosis contada por Anton Corbijn
Filão fértil no atual panorama do documentarismo, o contar das histórias que a música guarda entre os discos ou os palcos tem aberto frentes narrativas nem sempre muito exploradas. É o caso do universo do design gráfico que, mais frequentemente abordado pela imprensa escrita, começa a conquistar o espaço dos ecrãs. Fotógrafo, com importantes trabalhos feitos para a música tanto em vídeo como na criação de imagens, algumas delas usadas em capas de discos, o realizador Anton Corbijn é quem nos convida, em Squaring The Circle (The Story Of Hipgnosis), a conhecer a aventura visual criada por Storm Thorgersson e Aubrey Powell, aos quais depois se juntou Peter Martin Christopherson e pela qual surgiram capas históricas para discos do Pink Floyd, Led Zeppelin, Peter Gabriel, Wishbone Ash ou Wings, entre outros.
Essencialmente filmando em preto e branco, escutando entre outros nomes como Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason, Robert Plant, Jimmy Page, Peter Gabriel, Paul McCartney ou o designer Peter Saville, naturalmente sem esquecer os próprios Aubrey Powell ou Thorgerson (este em imagens de arquivo), o documentário de Anton Corbijn começa por nos levar à Cambridge, em meados dos anos 60, quando ambos fazem amizade com um grupo de amigos que começava a fazer música, mal imaginando todos eles que, ali estava não só a gênese do Pink Floyd mas também da mais importante história de parceria criativa entre o que em breve seria a Hipgnosis e o grupo criativamente comandado por Syd Barrett em seus primeiros passos.
Começaram por colaborar em A Saucerful of Secrets, iniciando também aí o filme acompanhando a história que, com o tempo, os colocou numa rota quer feita de desafios (como o da capa de Atom Heart Mother, com a foto de uma vaquinha) ou sucessos colossais, representando aí The Dark Side of The Moon o episódio de definitiva confirmação das visões de Thorgersson, cuja difícil personalidade (referida pelos entrevistados) em nada ofuscava a sua rara criatividade.
O filme avança cronologicamente, relatando como a Hipgnosis cresceu num tempo em que haviam álbuns gerando grandes sucessos de vendas e, portanto, largos rendimentos. Fato que, consequentemente, abriu cordões das bolsas das editoras à propostas cada vez mais arrojadas (e caras) deste atelier que então ia somando na sua lista de clientes alguns dos nomes maiores dos anos 70. A entrada em cena da geração de 80, com novos artistas, novos designers (e novos orçamentos) mudou o cenário, com consequências na história da própria Hipgnosis, com uma etapa que desviou os trabalhos para o vídeo e, depois, fruto de má gestão, uma tragédia financeira que acabou mal. Com detalhados relatos sobre a criação de algumas capas marcantes, Squaring The Circle (The Story Of Hipgnosis) é, através destas memórias do design gráfico, mais uma declaração de amor do realizador Anton Corbijn com o mundo da música e dos discos. (Nuno Galopim - Antena 1 - RTP)
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