Personagem que aparece vestido como líder fascista
vem do álbum 'The Wall', de 1979, e já apareceu
em turnês anteriores de Waters
Polícia alemã investiga Roger Waters por
usar roupas com alusão ao nazismo durante show
A polícia de Berlim anunciou nesta sexta-feira que está investigando o co-fundador do Pink Floyd, Roger Waters, por incitar o ódio depois que ele usou traje de estilo nazista em um show na capital alemã. Em algumas imagens divulgadas nas redes sociais, Waters pode ser visto vestido com um casaco preto e pulseiras vermelhas, em show oferecido no dia 17 de maio na Arena Mercedes-Benz, em Berlim.
O figurino já era usado pelo músico e pela banda na turnê "The Wall" — inclusive no show especial "The Wall em Berlim", de 1990, pouco depois da queda do muro. A inspiração vem da trama do álbum "The Wall", de 1979, no qual o personagem Pink constrói um muro metafórico (e real no show) a partir dos seus traumas de infância (a morte do pai na guerra, a mãe opressora, o sistema educacional que transforma crianças em robôs, etc). Após se isolar completamente, o personagem têm delírios autoritários e passa a agir como um líder fascista diante da plateia, numa crítica de Waters à relação entre público e artistas.
"Estamos investigando as suspeitas de incitação ao ódio, porque as roupas usadas no palco podem exaltar ou justificar o regime nacional-socialista e perturbar a ordem pública", disse à AFP o porta-voz da polícia de Berlim, Martin Halweg. "A roupa lembra a de um oficial da SS."
As mídias alemã e israelense também indicam que, durante o show, foram utilizadas inscrições em letras vermelhas em uma tela com os nomes de Anne Frank e Shireen Abu Akleh, a jornalista palestina-americana do canal Al Jazeera que morreu em uma operação israelense em maio de 2022.
"Estamos investigando e assim que o processo estiver concluído, vamos transmitir ao ministério público para uma avaliação jurídica final", disse o porta-voz da polícia, que destacou que será o Ministério Público quem decidirá se entre ou não com uma ação contra o cantor britânico.
O show, que também passará pelo Brasil em outubro e novembro, atraiu fortes críticas em Israel. O Ministério das Relações Exteriores de Israel acusou Waters na quarta-feira "de ter manchado a memória de Anne Frank e dos seis milhões de judeus assassinados durante o Holocausto".
"Waters quer comparar Israel aos nazistas" e é "um dos maiores detratores dos judeus de nosso tempo", disse o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, no Twitter.
Waters é um conhecido ativista pró-palestino, que encenou um porco inflável com a estrela de David em seus shows e apoiou ações de boicote contra produtos israelenses. As próprias autoridades de Frankfurt cancelaram um concerto do músico britânico no dia 28 de maio, mas a decisão foi anulada por um tribunal administrativo em nome da liberdade de expressão.
Um vídeo publicado pelo perfil "StopAntisemitism" ("Pare com o antissemitismo", em tradução livre) mostra a parte do show em que o cantor usa os trajes e interpreta um fuzilamento. O Twitter manteve o vídeo, mas sinalizou que o registro estava fora de contexto, explicando se tratar de uma encenação.
"Roger Waters interpreta um Pink Floyd, um astro do rock que toma uma overdose e cai na loucura, alucinando que é um ditador em um comício fascista, e o público é seu apoiador. É um papel famoso interpretado por Bob Geldof no filme “Pink Floyd: The Wall” (1982)", diz a nota da rede social.
Great news! Berlin police have launched a criminal investigation into Roger Waters following his concert in which he dressed like a Nazi SS officer holding a gun and denigrated the murder of Anne Frank.
— StopAntisemitism (@StopAntisemites) May 25, 2023
Shockingly @AMCTheatres is promoting Waters currently. pic.twitter.com/6AlIHMmbR2
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