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25/09/2015

'Roger Waters The Wall' traz performance do álbum na íntegra. Filme tem exibição única neste mês




Grandiosidade de 'The Wall', do Pink Floyd, ganha os cinemas em filme-concerto de Roger Waters


 A tela está preta. No som, o canto de passarinhos dá a sensação de um dia tranquilo em um jardim qualquer da Europa, mas a tranquilidade é logo interrompida pelo barulho de tiros. É um mundo que está sempre em guerra. Assim, somos introduzidos ao mundo da ópera-rock 'The Wall', lançada em disco em 1979 pelo Pink Floyd, e agora revisitada pelo ex-baixista e vocalista da banda, Roger Waters, em filme-concerto que terá exibição única no dia 29.

O filme retrata a turnê 'Roger Waters The Wall', na qual o ex-Pink Floyd levou aos palcos a íntegra do álbum, mais algumas canções especiais. A estrutura do show, que passou pelo Brasil em 2012, impressiona. Roger e banda se apresentam atrás de um muro que se estende de um lado ao outro do palco. Os espaços vazios são preenchidos aos poucos, conforme o andamento do show, tal qual a história contada no álbum.

Conceitual, como a maioria dos discos do Pink Floyd, The Wall narra a história do rockstar Pink. As primeiras canções, executadas em ordem no show, abordam os traumas de infância e adolescência do protagonista. Pink não tem memórias de seu pai, morto na Segunda Guerra Mundial. É humilhado por professores abusivos e superprotegido pela mãe neurótica. Tudo isso influencia no isolamento social de Pink. Apenas tijolos no muro.

Após descobrir traição da esposa, Pink se refugia em um mundo particular de sexo, drogas, rock and roll e fascismo. O muro então está completo, e Pink se isola completamente de qualquer contato humano. Em suas alucinações, ele fantasia sobre ser um líder de culto neo-nazista, até que, em um resquício de sanidade, no clímax do álbum, Pink se coloca em julgamento, sendo então condenado a enfrentar seus piores medos no mundo exterior. Sob gritos de "Derrube o muro!", a barreira que separa Pink do mundo exterior é então destruída.


No filme, a apresentação ao vivo, gravada principalmente na França, é intercalada com uma viagem de Roger Waters até os locais de morte de seu pai e avô, mortos nas duas grandes guerras mundiais (assim como o protagonista Pink). Essa espécie de história paralela pode dividir opiniões. Por um lado, é bonito e tocante ver a homenagem do músicos a seus antepassados, como a cena em que ele chora ao ler uma carta enviada para sua mãe, informando da morte do pai. Por outro lado, chega a ser incômodo algumas situações claramente forçadas, como a visita de Waters e os netos ao túmulo do bisavô. As imagens parecem mais um complemento ao espetáculo real, que é a gravação do show ao vivo. E essa decepciona em nenhum instante.

Estão lá sucessos como 'In the flesh', 'Another Brick in The Wall', 'Mother', 'Run Like Hell' e, claro, 'Comfortably Numb'. A cada música, os espaços vazios do muro vão sendo preenchidos, como na letra de Another brick..., mais tijolos no muro. No paredão gigante aliás, são projetadas imagens em alta qualidade de Waters e banda, além de projeções visuais que complementam a performance. A Guerra, uma obsessão do músico, está presente no show inteiro. Há espaço até para o brasileiro Jean Charles de Menezes, assassinado por policiais no metrô de Londres em 2005, após ser confundido por terrorista.

Roger Waters e banda interagem com projeções no muro em show (Divulgação)

Para o espectador, é impactante a maneira como as mortes das guerras são retratadas. Cada foto é projetada em determinados espaços no imenso telão. Apenas tijolos no muro.

Musicalmente, o show não decepciona, mas apesar da competência da banda que acompanha Waters, algumas músicas realmente perdem sem a performance dos outros membros do Pink Floyd. Sim, sabemos que praticamente não há possibilidade de retorno, mas é de se imaginar como ficaria 'Comfortably Numb' e 'Mother' com os solos originais tocados por David Gilmour.

No fim, o filme é um espetáculo de megalomania, e não entenda mal, isso é ótimo. O show foi pensado para ser grandioso em todos os sentidos, e a tela grande do cinema só ajuda. Melhor ainda se você assistir em uma sala com som potente. Para os fãs, serve como ótimo retrato do melhor disco da banda, levado a um novo nível com as projeções e performance ao vivo. Para os casuais, uma oportunidade de ver um dos maiores letristas do rock em plena forma, e relembrando sua obra-prima.

Fonte: Diário de Pernambuco 

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