Trecho do show "2013" (as duas canções iniciais)
que inclui "Pink Floyd" (Syd Barrett)
que inclui "Pink Floyd" (Syd Barrett)
Banda ícone do rock psicodélico nacional se apresentou pela segunda vez em Goiânia
O show da Violeta de Outono, ontem no Bolshoi Pub, teve, além da fase clássica da banda, novas músicas de álbuns como Volume 7 (2007) e Espectro (2012), além de uma sessão especial só com músicas de "Syd Barrett" no "Pink Floyd". Um show considerado imperdível para quem gosta de rock psicodélico. A banda, que se apresentou pela segunda vez em Goiânia, é formada por Fabio Golfetti (guitarra & vocal), Gabriel Costa (baixo), Fernando Cardoso (órgão Hammond e piano), além de José Luiz Dinola (bateria). Essa é a segunda vez da banda em Goiânia (a primeira vez foi em 2003, no Festival Goiânia Noise).
O Violeta de Outono, banda paulistana na ativa desde 1986, tornou-se referência quando se trata de som psicodélico/progressivo. Suas apresentações são sempre marcantes devido ao clima espacial e à sonoridade viajante. Ao longo de sua trajetória lançou vários discos, destacando-se o LP de estreia homônimo, de 1987, marcado por uma psicodelia envolta em sombras que conseguiu a proeza de angariar fãs de rock progressivo e dos estilos pós-punk e dark/gótico, e trouxe os hits “Dia Eterno” e “Outono”. Em 2007, o Violeta gravou o CD “Volume 7”, que foi muito bem recebido pela crítica internacional: um álbum com uma mistura de rock, jazz e pop que trouxe uma renovação na sonoridade da banda devido à adição do órgão Hammond. Na Inglaterra, foi lançado em 2006 o DVD “Seventh Brings Return - A Tribute to Syd Barrett”, em homenagem ao lendário criador do Pink Floyd.
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Confira entrevista com Fábio Golfetti, um dos fundadores do grupo, na véspera do show.
DMRevista - Como você define o som da Violeta de Outono?
Fábio Golfetti - Na verdade digo que fazemos rock psicodélico. Nosso som é baseado na psicodelia da década de 1960/70. A fonte que a gente bebeu foi essa. Mas a gente surgiu nos anos 80, com a cena forte do pós-punk, foi isso que nos deu o diferencial. Unimos a melancolia do pós-punk com a psicodelia sessentista. A vertente mais progressiva, com arranjos mais elaborados e músicas mais longas, foi delineado com o tempo. Fazemos um som de base psicodélica.
DMRevista - Nos anos 80 rolou o “boom “ do rock brasileiro, mas a Violeta de Outono faz um tipo de som diferente. Como foi esse período para vocês?
Fábio Golfetti - Viemos da Zero, eu, o baterista Claudio Souza, que fazia um som mais pós-punk. Ali praticávamos um som menos pop, mais experimental, próximo ao No Wave ao jazz. Então Claudio e eu saímos para fazer um som mais simples, mais baseado na canção. Sempre ligados na canção psicodélica, da primeira fase do Pink Floyd, sessentista. Naquela época, havia bandas como Joy Division, Echo & The Bunnymen com uma psicodelia mais cinzenta. O que fizemos foi unir as duas coisas. Passamos a fazer uma psicodelia mais melancólica, mais orgânica, com espaço para improvisação, com a sonoridade mais voltada para a época.
Echoes
DMRevista - A que você deve a longevidade da banda?
Fábio Golfetti - A primeira coisa é que fizemos uma música mais atemporal. Como esse rock sessentista ficou consagrado como rock clássico, nosso som não ficou tão ligado e marcado à decada de 1980. Mas fomos favorecidos pela boa maré da época. Conseguimos boa exposição. Saímos com 60 mil discos no mercado. Conhecíamos o pessoal de Brasília, da Legião Urbana, aquele período favorável da indústria toda movida a rock nos favoreceu. Depois, já no fim dos 80 e começo dos 90, criei uma espécie de fanzine. Era uma Caixa Postal com Newsletter, que dava contato direto com os fãs da banda. Ali a pessoa se correspondia comigo, eu mandava gravações alternativas em fitas k-7. Isso ajudou a divulgar e manter a base de fãs. Era algo como é feito hoje com a internet.
DMRevista - E qual a sua relação com a internet?
Fábio Golfetti - Hoje em dia, disco, álbum, essas coisas são feitas mais para divulgar. Mas não acho que a internet atrapalhe nada. Pelo contrário. Ela divulga. O único problema que vejo em plataformas como o iTunes, por exemplo, é a venda separada de músicas. Fazemos um tipo diferente de música, com conceito, o álbum ainda faz sentido. Mas isso não nos atrapalha. Nossos discos vendem mais em shows. É outra forma que o músico arrumou para ser remunerado.
DMRevista - No ano passado, vocês lançaram o Espectro, oitavo álbum de estúdio da banda. Qual a diferença da Violeta de Outono da década de 1980 para essa nova formação e disco?
Fábio Golfetti - Antes a banda era formada por um trio. Por questão mesmo de logística. Era difícil, e ainda é, arrumar um tecladista. Também era difícil o transporte do equipamento. Hoje facilitou. O teclado entrou com Fábio Ribeiro, que veio de uma banda chamada Shaman. A sonoridade do teclado dele tinha tudo a ver com a Violeta de Outono. Em 2005, depois da gravação do DVD no Teatro Municipal, reformulamos a banda. O teclado passou a ser fixo. O que mudou ao acrescentar o órgão é que mudou totalmente a sonoridade. Considero o Volume 7 (2007) o primeiro disco desta nova etapa. Não foi um disco feito em estúdio. Chegamos lá já com tudo pronto, ensaiávamos muito. Desse para Espectro (2012) mudamos o baterista. Entrou José Luiz Dinóla, que tinha uma banda contemporânea, Chave do Sol, de fusion. Esse disco também foi todo no esquema antigo, praticamente uma apresentação ao vivo, com pouco overdub. Quero fechar uma trilogia com o próximo álbum.
DMRevista - Você faz parte da formação atual da Gong, que virá tocar em São Paulo em maio. Como foi essa aproximação?
Fábio Golfetti - Na verdade sempre fui fã da banda. Fui muito influenciado pelo Soft Machine e do Gong, duas bandas do Daevid Allen. No fim dos anos 80, queria usar o conceito dele de Invisible Opera of Tibet, que é uma espécie de codinome para se fazer música de forma anônima. Conheci o Daevid. Começamos a trocar correspondência e na época da ECO 92 ele foi fazer uma apresentação na parte cultural do evento em Brasília e me convidou para tocar guitarra. Não era o Gong, mas a Glissando Orchestrae. Mais tarde ele me convidou para tocar guitarra na banda. O que obviamente aceitei. Fiz mais de 40 shows com a banda e agora em maio temos marcado dois shows em São Paulo.
DMRevista - Como será o show em Goiânia?
Fábio Golfetti - Vamos tocar principalmente o primeiro disco do Violeta e a nova fase, com o Espectro. Será uma mistura com as músicas mais recentes e o lado mais clássico da banda. Mas também preparamos músicas da primeira fase do Pink Floyd, do Syd Barret, nada muito óbvio, será uma espécie de lado B.
Obs: Infelizmente não consegui encontrar material deste show, então constam aqui alguns dos melhores momentos do Violeta de Outono, interpretando "Syd Barrett" na era "Pink Floyd", e todo o primor da psicodelia deste gênio.
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