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05/05/2015

Roger Waters: o Vale do Silício é uma ‘galeria de trapaceiros e ladrões’



Roger Waters critica indústria musical atual: 'roubaram tudo até ao último centavo'


Waters fez duras críticas à situação da indústria fonográfica, tomada pelas companhias de tecnologia, dizendo que quem está no poder atualmente são os trapaceiros e ladrões.

A tecnologia mudou o mundo e a indústria fonográfica foi uma das mais afetadas. Antes dominada pelas gravadoras, com seus discos e CDs, ela agora está nas mãos de gigantes do Vale do Silício, como Apple e Google, que oferecem músicas digitais no varejo, sem contar os novos serviços de streaming e a pirataria, que não gera ganhos aos autores. Roger Waters lamenta essa mudança. Em entrevista ao “London’s Times”, ele diz ser agradecido por ter nascido em 1943, não em 1983, e “ter vivido quando havia a indústria da música e a tomada pelo Vale do Silício não havia acontecido”.

"Essa galeria de malandros e ladrões ainda não tinha se metido entre as pessoas que aspiram ser criativas e a sua audiência potencial para roubar cada centavo que uma pessoa poderia fazer e colocar em seus bolsos para comprar iates e jatinhos",  disse Waters.

"Eu me sinto muito privilegiado por ter nascido em 1943 e não em 1983. Estar por aí quando o Vale do Silício não havia assumido o controle do negócio da música. Você ainda podia ganhar a vida escrevendo, gravando músicas e tocando para as pessoas", Roger Waters.

Segundo ele, em outros tempos era possível “fazer a vida escrevendo e gravando músicas e as tocando para as pessoas”. E o mercado está passando por outra mudança. Se os CDs estão mortos, lojas virtuais como iTunes e Google Play também estão em crise. Segundo levantamento da Nielsen, a venda total de álbuns no mercado americano no ano passado caiu 11,2% em relação a 2013. Entre os CDs, a queda foi de 14,9%, e entre os discos digitais, de 9,4%. A venda de músicas digitais avulsas diminuiu 12,5%. Por outro lado, serviços de streaming, como Rdio, Spotify e YouTube, cresceram 54,5% de 106 bilhões de execuções para 164 bilhões.

"Os fãs continuam a consumir música por serviços de streaming, o que ajuda a minimizar as perdas que vemos nas vendas", disse David Bakula, analista da Nielsen, na ocasião.

Apesar de o aumento no número de exibições ser positivo para os artistas, que ganham por execução, a nova mudança no mercado reduz ainda mais os ganhos dos autores. Levantamento realizado ano passado pelo site The Trichordist, especializado na indústria musical, mostra que os ganhos por streaming de música representam uma pequena parcela quando comparados a venda de arquivos digitais.

No Spotify, por exemplo, cada execução rende ao artista — antes do pagamento da gravadora ou detentor dos royalties — US$ 0,006. Para gerar a mesma receita que a venda de um arquivo digital a música precisa ser executada 134 vezes.

"Quero dizer, por que não fazemos tudo grátis? Então, você poderia entrar em uma loja e dizer 'gostei dessa televisão' e sair andando com ela. Não! Alguém fez e você precisa comprar! 'Eu vou só pegar algumas maçãs'. Não! Algum fazendeiro as cultivou e as trouxe aqui para serem vendidas",criticou Waters.



Na mesma entrevista, Waters voltou a frisar que uma reunião futura do "Pink Floyd" está fora de questão:

"Uma reunião está totalmente fora de questão. A vida se torna mais breve quanto mais próximo nos aproximamos do fim e, sob meu ponto de vista, deve ser devotada somente a coisas que a gente queira fazer. Não devemos olhar para trás. Bem, na verdade devemos sim - inclusive eu faço isto com muito carinho - mas tentar trazer as coisas de volta é um absurdo", Roger Waters.

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