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08/07/2011

Baterista do Pink Floyd, Nick Mason fala dos rumores sobre a volta do grupo

LONDRES - O baterista Nick Mason ciceroneou jornalistas no lendário estúdio Abbey Road, em Londres, para falar sobre o lançamento do box set com versões remasterizadas dos 14 álbuns de estúdio do Pink Floyd, lançado pela gravadora EMI. Na entrevista, Mason fala sobre as raridades inéditas resgatadas para a coleção, além dos rumores de uma volta do grupo.

Qual é a motivação para os relançamentos?A migração para formato digitais foi uma pressão a mais?
Também estamos correndo contra o tempo. Essa é nossa última chance de trabalhar com lançamentos mais físicos pois em três anos quase tudo será digital e com diferente formas de arte, talvez mais com filmes do que gráficos. É uma oportunidade de também revisitarmos o legado da arte acompanhando a música.
Surpresas?
Muitas coisas ao vivo eu nem me lembro de ter tocado. Há uma versão ao vivo de ''On the run'' de 1972 que para mim era outra banda tocando - a música ganhou um tempo mais rápido meio jazzístico. Tenho certeza de que éramos nós, mas ainda às vezes me pego pensando que o iTunes identificou errado.
Qual foi o seu achado preferido?
O mais interessante foi descobrir uma versão de ''Wish You Were Here'' em que há um solo de violino de Stephane Grapelli. Ela é a jóia escondida. Gravamos a faixa em 1975 mas achamos que ela estava perdida para sempre. Ouvi-la de novo foi mágica. Teria sido fantástico usá-la no álbum e vou perguntar a Roger e David porque não o fizemos. Não me lembro porque ela ficou de fora. Acho que foi parte do nosso desejo de usar apenas o trabalho de nós quatro. Não percebemos o quão valiosa ela era...
Há álbuns inéditos?
Não temos álbuns secretos (risos), mas agora há a chance de reavaliar novos arquivos. A longo prazo, se as pessoas gostarem dessa ideia das edições estendidas (''The Dark Side of the Moon'', ''Wish You Here'' e ''The Wall'') poderemos lançar mais. Há material de nosso primeiro álbum (''The Piper at the Gates of Dawn, de 1967), incluindo demos de 1965, com qualidade razoável. Há ainda um show ao vivo em Veneza que pode ser trabalhado. O valor histórico também conta.
Vocês não temem que os relançamentos reacendam os pedidos para uma volta aos palcos?
Não tivemos a intenção de insinuar uma volta com o projeto. Sempre que fizermos algum trabalho as pessoas vão achar que vamos trabalhar juntos de novo. Quando tocamos no O2 Arena em maio (Mason e o guitarrista David Gilmour deram canjas num dos shows da turnê-solo de "The Wall" levada a cabo por Roger Waters). Não acho que estejamos prestes a tocar juntos de novo, mas vivo na esperança de que isso possa acontecer no futuro. Estamos bastante agradecidos ao Led Zeppelin por ter feito aquele show e não fazer uma turnê. Isso faria muita gente ficar agitada de novo (risos).
De repente uma causa nobre como a África, que reuniu vocês quatro em Londres há seis anos, não?
O Live 8 foi o modelo para que uma reunião acontecesse. Se houver uma razão boa o suficiente, poderemos tocar de novo. Só não acho que voltaríamos ao estúdio, pois levaria muito tempo. Prefiro tocar ao vivo.
O quão determinante é a ausência de Richard Wright, morto há três anos?
Definitivamente estaria faltando alguma coisa, mas penso que mesmo se houver apenas um de nós sobrando, ele tem permissão de tocar usando o nome da banda.
Com tanta animosidade entre Waters e Gilmour, como vocês trabalharam juntos nos relançamentos?
Não ficamos juntos numa sala para discutir ou brigar. Os engenheiros fizeram o trabalho e aí mandaram para Roger, David e eu, pedindo comentários. Eventualmente chegamos a um acordo. (risos)
Há uma informação de que o perfeccionismo da banda nos anos 70 resultou em três versões diferentes do álbum ''The Wall''. Mito ou realidade?
Na verdade tínhamos uma série de takes com que fomos trabalhando, mas nunca gravamos três versões supostamente definitivas. Eu teria me lembrado se tivéssemos gravado o álbum três vezes. Deus seja louvado que não o fizemos (risos).
Os novos lançamentos não representam também um compromisso do Floyd com a era digital depois da briga com a EMI em função da disponibilização de músicas individuais em vez de apenas os álbuns completos como a banda queria e até entrou na justiça para impor sua vontade?
Ganhamos o caso porque queríamos estabelecer nosso direito de como nosso material seria desmembrado. Não se pode exigir que alguém escute os álbuns inteiros todas as vezes em que alguém quiser ouvir uma faixa, até porque nós mesmos desmembramos o catálogo quando tocamos ao vivo.
No material promocional dos novos lançamentos, a EMI fala em como o Floyd poderá ganhar novos fãs. O que pensa a banda?
Não acho que atrairemos novos fãs com as versões reeditadas. Seria demais querer que a turma mais jovem, por exemplo, escute cinco versões de ''The Dark Side of the Moon'' (parte da linha especial batizada de imersão e por enquanto concentrada apenas nos álbuns clássicos). Ainda mais para essa geração shuffle. Mas também estamos lançando material (a coleção remasterizada e uma nova coletânea) que pode servir como uma introdução.
Uma curiosidade: qual a sua opinião sobre releituras como a versão reggae de ''The Dark Side of the Moon'' lançada há alguns anos?
Gostei muito ''The Dub Side of the Moon''. É um belo álbum. Sempre me interesso por reinterpretações, como que a que o Scissors Sister também fez (uma versão electro-dance de ''Comfortably Numb''). Há uma banda americana chamada Luther Right and the Wrongs que regravou ''The Wall'' em ritmo country. Meu problema é com as bandas-tributo. Por mais que as respeite, fui criado num ambiente em que o rock'n'roll era criativo e que usávamos nossas próprias ideias. Fico um pouco incomodado quando vejo músicos aprendendo cada nota ou cada erro que cometemos. É minucioso, admito, mas desinteressante em comparação com ''Dub Side''.
Mas bandas-tributo na verdade se aproveitam da ausência do Floyd dos palcos. De certa forma essa proliferação não é culpa de vocês?
Sim, e nem de longe quero tentar impedir as bandas-tributo de tocar, até porque para muitos fãs a oportunidade será o mais próximo de ver o Pink Floyd, mas a coisa fico muito mais teatro do que rock'n'roll. É o mesmo caso de ''We will rock you'' (musical inspitado na obra do Queen). É um musical fantástico e eu mesmo fui assistir. Adorei. Mas não é real...


Fonte : http://oglobo.globo.com/cultura

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