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18/02/2012

Clearlight - Symphony (1973) 2010




1st Movement - 1º part.

"Clearlight - Symphony" é o primeiro exemplo de "Cyrille Verdeaux" como compositor. "Sir Richard Branson", empresário britânico, fundador do grupo Virgin, foi seu incentivador e patrocinador do projeto. Branson é aficionado do estilo progressivo sinfônico espacial, pricipalmente com doses de psicodelismo, temas complexos, sons atmosféricos e coloridos. 

Dai, "Tangerine Dream", "Gong", "Klaus Schulze", entre outros semelhantes, também incluírem o rol da recém-formada Virgin Records, como projetos prioritários da gravadora que teve como célula embrionária, o respaldo do estrondoso sucesso de "Tubular Bells" do músico inglês "Mike Oldfield", lançado em 1973 e que  foi o primeiro álbum produzido pela Virgin Records, pedra angular no início do sucesso da empresa.

Como líder do projeto, o mestre tecladista de formação clássica, "Cyrille Verdeaux" optou por trabalhar com outros artistas que literalmente encarnacem o espírito de seu projeto e suas visões musicais. Assim o guitarrista "Christian Boule" e o baterista "Artman Gilbert" vieram dar suas cotas de excelente colaboração. O som é rico, complexo e colorido, verdadeiramente sinfônico, com solos psicodélicos de guitarra que emergem ao longo de sua extensão. 

Gravado em 1973, continua a soar atemporal, uma profusão melódica de rock, clássica e free jazz. O guitarrista "Steve Hillage", o saxofonista "Didier Malherbe" e o sintetista "Tim Blake", oriundos do "Gong", foram especialmente convidados para colaborar no presente trabalho, contribuindo à produção de um clássico do progressivo sinfônico no 1º lado do LP, em seus mais de 20 minutos de primeira grandeza. O álbum resultante provou-se popular entre os fãs de música progressiva europeus e americanos, nesta mescla de orquestrações sinfônicas por teclados Mellotron, ARP 2600, Piano e Órgão. Obra de arte do gênero progressivo do mais alto nível criativo e experimental, e com certeza... Boa audição!


1st Movement - 2º part.


Clearlight

Clearlight Symphony - 1973
France
Label: Dogtoire Records (2010)
Sympho Progressive Rock

Length: 40:59 min

  Tracklist:
  1. 1st Movement (20:29)
  2. 2nd Movement (20:32)


Musicians:
  • Cyril Verdeaux - keyboards, gong, synthesized bass, mellotron 
  • Gilbert Artman - drums, percussion, vibraphone (2) 
  • Tim Blake - synthesizer, percussion (1) 
  • Christian Boulé - electric guitar (2) 
  • Steve Hillage - electric guitar (1) 
  • Martin Isaacs - bass (2) 
  • Didier Malherbe - tenor saxophone (1)

Clearlight - Symphony - 1973
Mp3
rapidshare (57.76 MB/256 Kbps)
narod.ru (92.78 МB/320 Kbps)
ou
FLAC
unibytes (235.55 MB)


Àqueles dentre os amigos aqui no blog que possam ter interesse, segue uma reportagem de 2008, cujo tema central diz respeito a atividade de "Cyrille Verdeaux" na produção de trilhas sonoras e como tudo começou em sua carreira, achei interessante também porque ele aborda sua vinda para o Brasil.

Cyrille Verdeaux, o nômade
Por Carlos Adriano
Pierre Clementi em cena do filme "Le Lit de la Vierge" 
(A Cama da Virgem), de Philippe Garrel 

Músico que fez a trilha do filme "Visa Censure X", de Pierre Clementi, conta como foi sua ligação com o grupo Zanzibar e por que se mudou para o Brasil

O parágrafo final da última resposta de Sally Shafto em sua entrevista aTrópico, levava imediata, natural e previsivelmente, ao desejo de entrevistar dois dos remanescentes da constelação Zanzibar que moram no Brasil. O músico francês Cyrille Verdeaux atendeu com simpatia à idéia de comentar suas impressões da experiência Zanzibar e, escrevendo de Brasília, concedeu uma reveladora entrevista.

Além de relatar sua experiência no filme "Visa Censure X" e as viagens e ressacas dos anos 60-70, Verdeaux, que tocou com destaque na cena musical underground francesa, comenta sua cultuada trilha sonora "Delired Cameleon Family" e seus dois discos eleitos entre os 100 melhores pela "Billboard", no setor de música progressiva. Sintomaticamente, a vinda ao país foi determinada ao acaso de um encontro afetivo. Afinado à ideologia de uma geração, conta ainda sobre as curiosas forças que o movem como nômade cidadão do mundo e do planeta.

*Quais são as suas memórias da experiência de trabalho e de convívio com os cineastas do grupo Zanzibar? Conte como foi o processo criativo na feitura da trilha sonora do filme "Visa Censure X".

Cyrille Verdeaux: Passei a freqüentá-los no início dos anos 70, quando meu grupo Babylone estava começando a fazer fama no underground francês nascido com a “revolução” de Maio de 68. Não éramos tantos assim, então um dia ou outro, em um show ou numa festa, era possível encontrar eventualmente todo mundo que pertencia a esta cena particular.

Quando comecei a ficar conhecido, graças ao meu primeiro sucesso na gravadora Virgin, "Clearlight Symphony", costumava receber da gravadora novos convites, a cada vez que um bom concerto era organizado. Uma coisa foi conduzindo à outra, até que um grupo simpático de pessoas foi formado, incluindo membros do grupo Zanzibar.

Max Leforestier, sua irmã Catherine, ambos bons cantores, Valérie Lagrange, Jean-Pierre Kalfon, Pierre Clementi, Philippe Garrel, Yvan Coaquette... Costumávamos comer, beber e “viajar” juntos, e nos divertíamos bastante, porque estes artistas tinham um grande humor, especialmente Kalfon.

A uma certa altura, Pierre Clementi terminou de montar um de seus filmes, "Visa de Censure X", e, naturalmente, propus a ele de fazer a trilha sonora, porque era um filme mudo e eu sempre quis compor música para cinema. Encontramos uma gravadora francesa, a Pathé Marconi, para pagar a produção e o estúdio de gravação, e o editor da Virgin para a França, Philippe Constantin, tornou-se a interface dos músicos com os estúdios da Pathé Marconi.

Yvan Coaquette, um velho amigo guitarrista, e eu decidimos compor vários temas enquanto assistíamos ao filme. Este filme de Pierre era basicamente feito de materiais brutos filmados de várias cenas de sua vida e de seus amigos, fundidos com imagens aceleradas de notícias da televisão e outros materiais esquisitos. O conjunto era muito estranho de assistir, especialmente quando estava sem som, muito “avant garde”. Mas, com a música em cima, nós melhoramos o interesse do filme, eu espero.

Quando começamos a trabalhar no estúdio, muitos músicos ficaram sabendo da sessão e vieram propor seus serviços. Valérie Lagrange veio cantar a canção "La Fin du Début", em que ela diz “let’s get crazy” pelo menos dez vezes, e mais de 15 músicos da cena underground francesa apareceram para tocar um solo aqui, um coro ali, preenchendo os 16 canais do estúdio até os limites.

A maioria dos músicos presentes estava no embalo de uma ou outra substância psicodélica, transformando o estúdio num vasto e alto happening, e os engenheiros de som do estúdio (uma gente tipo "redneck" que trabalhava principalmente com cantores populares antiquados) não acreditavam no que seus olhos e ouvidos estavam vendo e ouvindo. Mas, após alguma hesitação, eles gravaram muito bem.

Depois de três dias de trabalho ininterrupto, meio que baseado em improvisação, nós acabamos ficando apenas com dinheiro suficiente para mixar os 16 canais em dois canais estéreo durante dois dias. O resultado é um LP cult chamado "Delired Cameleon Family", que foi relançado em CD em 1984. Pierre Clementi juntou a música ao seu filme e ele está hoje depositado no Centro Georges Pompidou, em Paris, onde é exibido de vez em quando para os fãs desta época.

Qual é a diferença entre esta e outras trilhas que você fez?

Verdeaux: Infelizmente, esta foi minha primeira e última experiência na matéria. Ninguém mais me pediu para fazer música para um filme. E eu lamento isso profundamente, é um de meus sonhos não cumpridos e eu sei que poderia ser bom nisso. Todo mundo me diz: “Você deveria fazer música para cinema”. Como se eu nunca tivesse pensando nisso! Mas, depois de Pierre, nunca encontrei gente da indústria do cinema.

Dois de meus discos figuram na lista dos 100 melhores álbuns lançados, feita pelo guia "Billboard", na seção de música progressiva, um livro antológico publicado nos anos 90. E sou o único músico francês a constar desta lista internacional, o que é muito injusto em relação a Jean-Luc Ponty, Magma, Ange e outros.

Os discos chamam-se "Clearlight Symphony" (1974) e "Clearlight Visions" (1977). Deles participam alguns dos melhores músicos dos anos 70, como Steve Hillage, Didier Malherbe, Didier Lockwood (talvez não sejam muito conhecidos no Brasil, mas, no mundo anglo-saxão, eles são).

Essa experiência com o Zanzibar deixou marcas em seu trabalho e em sua vida?

Verdeaux: Alguns traços ótimos e alguns ruins, infelizmente. Foi ótimo, porque eu me diverti bastante com estas pessoas durante vários anos, mas, artisticamente, eu não fui influenciado pelo trabalho delas. Não eram músicos, à exceção de Valérie Lagrange. Foi ruim, pelo que vou contar a seguir.

Após a perda de meu filho de cinco anos em 1980, fui viver na Califórnia por um tempo e aluguei minha casa em Paris para Pierre Clementi, seu jovem filho Valentin e a mãe da criança. Eu podia obter alguns rendimentos de minhas viagens, e Pierre estava precisando de um lugar. A casa era bonita, com dois andares e um pequeno jardim particular, numa rua calma, próxima a uma escola.

Tudo era perfeito, até que um dia, por causa de um estúpido curto-circuito elétrico, a televisão de Pierre pegou fogo, porque estava ligada 24 horas por dia, mas naquele momento ninguém estava lá, e minha casa se incendiou quase que inteiramente, antes que os bombeiros chegassem!

O seguro pagou uma parte, mas Pierre não assumiu a responsabilidade nem se desculpou por isso. E eu perdi minha linda casa, porque meus pais a venderam depois disso. Eles não queriam mais ouvir falar de meus amigos.

Eu nunca mais vi Pierre de novo após esta provação penosa; eu estava vivendo a maior parte do tempo na Califórnia, de todo modo. Este incêndio foi o fim da história com o último membro do grupo Zanzibar com quem eu tinha relações.

Comente a última frase de Sally na entrevista que ela me concedeu: “Estas pessoas (você e Chapman) eram e permanecem grandes viajantes.”

Verdeaux: Meus pais já eram grandes viajantes e eu peguei o vírus bem cedo. Não tinha lido qualquer livro de Kerouac ou de outros autores afins naquela época. Eu sempre achei que o planeta era somente um único país e, desde o princípio, sentia que era um cidadão do mundo, não apenas um “francês”.

A cada ano, eu preciso, realmente por instinto, como uma ave migratória, pegar o avião e visitar algum lugar longe. Já estive na Índia várias vezes, em diferentes estados da América do Norte, no Canadá, na Argentina, no Havaí e em diversos países na Europa, é claro.

A cada vez, começo indo a um lugar porque conheço um músico vivendo lá e sou convidado. Normalmente, toco com eles em troca de comida e acomodação por um tempo. Meus próximos alvos serão Austrália e Bali, no ano que vem. Acabo de conhecer algumas pessoas e elas me convidaram para visitá-las. Gostaria de visitar o Japão também um dia.

Quando, como e por que veio parar no Brasil?

Cyrille Verdeaux: Totalmente por “acaso” ou por destino. Em 2 de fevereiro de 2002, tive o impulso, pela primeira vez, de checar no AOL contatos e o que estava acontecendo. Estava me sentindo solitário há meses, e os contatos na internet estavam se tornando uma coisa forte na França e nos demais países.

Aconteceu que naquele mesmo dia, uma mulher brasileira, vivendo em Brasília e tendo passado quatro anos em Paris por conta de seu pós-doutorado em física, algum tempo antes, decidiu escrever pela primeira vez uma mensagem, a fim de encontrar algum correspondente francês.

Entre as centenas de anúncios do dia, decidi responder a ela, e, entre as dúzias de respostas que ela recebeu, ela decidiu selecionar a minha e corresponder. Uma coisa foi levando à outra, ela me convidou a visitá-la alguns meses depois em Brasília e, desde então, ela se tornou minha mulher e estou vivendo com ela agora. Tão simples assim.

Quais seus atuais ou futuros projetos?

Cyrille Verdeaux: Vivo em Brasília com minha mulher, que trabalha na Universidade de Brasília. E vendo meus CDs na internet, como um compositor e produtor independente, para ganhar a vida. Também estou pronto e disposto a trabalhar em qualquer projeto musical que alguém queira que eu faça, se estiver de acordo com minhas capacidades.

Publicado em 5/7/2008

  • Carlos Adriano
É cineasta e doutorando na USP. Todos os seus filmes foram apresentados no 56º Festival de Locarno (seção
"Cineastas do Presente") e no 16º Videobrasil (sala no eixo curatorial "Cinema Vídeo Arte"). Realizou "Remanescências" (coleção New York Public Library), "A Voz e O Vazio: A Vez de Vassourinha" (melhor curta documentário Chicago Film Festival) e "Militância" (exibido no MoMA, Nova York). Teve roteiros premiados por Petrobras, Ministério da Cultura e Bolsa Vitae. Com Bernardo Vorobow é autor do livro "Peter Kubelka: A Essência do Cinema" e organizador de "Julio Bressane: CinePoética".

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