.

.

06/02/2013

The Wall - Dortmund 81, os melhores dias


     Sigma 17                                                    PRRP 031


 

"Pink Floyd" se apresentou em Dortmund, em 1981, entre os dias 13 e 20 de fevereiro. Oito shows da ópera rock "The Wall",  sendo que o último show  foi lançado em vinil, ainda na década de 80 no Canadá. A gravadora Sigma em 2008, remasterizou e relançou o show como "Westphalian Wall", que sem dúvida está entre o que de melhor já foi produzido a respeito, mesmo oficialmente. Uma gravação perfeita, clara, nítida e com uma tremenda profundidade, rico em detalhes que normalmente as fitas não são capazes de capturar. O show do dia 18, é o mais difundido, e como os demais, outra magnífica apresentação. A PRRP sobre esta data lançou o CD intitulado: "Between A Wall And A Hard Place", por entender que em termos de qualidade este registro ainda carecia de uma melhor reprodução, e de fato, dentro do que já tive oportunidade em ouvir, obteve a melhor sonoridade. Ambos estão inclusos neste post. 

Este conjunto havia sido programado como a última etapa de apresentações do concerto "The Wall", (posteriormente decidiram encerrá-la em junho no Earls Court Arena, como parte do projeto "The Wall", o filme). A questão do muro de Berlim foi o fator determinante para a banda decidir esta como sendo a etapa de ideal de encerramento, e é considerada a etapa onde os shows foram mais intensos, descontraídos e divertidos de toda a turnê. O carnaval (ou algo parecido...), acontecia na Alemanha Ocidental, contribuindo sobremaneira à atmosfera como um todo a partir do próprio público em clima de festa. Inclusive o MC (apresentador), estava vestido em trajes carnavalescos... Por outro lado, segundo alguns relatos da época,  também foi nesta ocasião que "Richard Wright" decidiu atender o desejo de "Waters" para que deixasse a banda, e sua reação instantânea foi de brincar com os demais como músico, afirma-se que propositadamente ele estendia as músicas com linhas de teclado, diferente dos outros shows. Em "Another Brick In The Wall Part 2", ele domina todo o solo e entra em um dueto no órgão Hammond com Pete Wood, membro da banda "substituto" no piano elétrico. Convenhamos que se de fato aconteceu assim, isso foi maravilhoso para os ouvintes, e o protesto mais elegante que eu já vi. Deixo ao encargo da equipe do PRRP, o último texto deste pequeno Post, a exposição de maiores detalhes deste fabuloso e lendário evento. Boa audição!






Westphalian Wall (Sigma 17)
Westfalenhalle, Dortmund, Germany
February 20th, 1981


CD1 

1. MC intro.
2. In The Flesh
3. The Thin Ice
4. Another Brick In The Wall Part 1
5. Happiest Days Of Our Lives
6. Another Brick In The Wall Part 2
7. Mother
8. Goodbye Blue Sky
9. Empty Spaces
10. What Shall We Do Now?
11. Young Lust, One Of My Turns
12. Don’t Leave Me Now, Another Brick In The Wall Part 3
13. Goodbye Cruel World

CD2
1.  Hey You
2.  Is There Anybody Out There?
3. Nobody Home
4. Vera
5. Bring The Boys Back Home
6. Comfortably Numb
7. The Show Must Go On
8. MC intro
9. In The Flesh
10. Run Like Hell
11. Waiting For The Worms
12. Stop
13. The Trial
14. Outside The Wall


  




Between A Wall And A Hard Place (PRRP031)
Feb 18, 1981 (Westfalenhalle - Dortmond, Germany)
Artwork included



CD1

1-1. Master Of Ceremonies 1:45
1-2. In The Flesh ? 2:58
1-3. The Thin Ice 2:43
1-4. Another Brink In The Wall (Pt. 1) 4:32
1-5. The Happiest Days Of Our Lives 1:41
1-6. Another Brink In The Wall (Pt. 2) 6:24
1-7. Mother 7:55
1-8. Goodbye Blue Sky 3:57
1-9. Empty Spaces 2:33
1-10. What Shall We Do Now ? 1:54
1-11. Young Lust 5:20
1-12. One Of My Turns 3:48
1-13. Don't Leave Me Now 4:13
1-14. Another Brink In The Wall (Pt. 3) 1:15
1-15. The Last Few Bricks 3:25
1-16. Goodbye Cruel World 2:11

CD2

2-1. Hey You 4:52
2-2. Is There Anybody Out There ? 3:12
2-3. Nobody Home 4:02
2-4. Vera 1:20
2-5. Bring The Boys Back Home 1:17
2-6. Comfortably Numb 7:23
2-7. The Show Must Go On 2:41
2-8. Master Of Ceremonies 2:33
2-9. In The Flesh 4:20
2-10. Run Like Hell 7:27
2-11. Waiting For The Worms 4:27
2-12. Stop 0:31
2-13. The Trial 6:30
2-14. Outside The Wall 3:05


The Surrogate Band

Andy Brown- Bass Guitar
Andy Roberts- Guitar
Willie Wilson- Drums
Peter Wood - Keyboards
Backing Vocalists
Joe Chemay- Backing Vocals
Jim Farber- Backing Vocals
Jim Haas- Backing Vocals
John Joyce- Backing Vocals
SPpecial Guest
Wili Tomsik- Backing Vocals



320 Kbps - 48 kHz

SIGMA 17
mediafire.CD1 (119,10 MB)
mediafire.CD2 (110,80 MB)
ou
multiupload.CD1 (119,10 MB)
multiupload.CD2 (110,80 MB)
ou
uploading.CD1 (119,10 MB)
uploading.CD2 (110,80 MB)

PRRP 031
multiupload.CD1 (114,60 MB)
multiupload.CD2 (112,60 MB)
ou
mediafire.CD1 (114,60 MB)
mediafire.CD2 (112,60 MB)
ou
uploading.CD1 (114,60 MB)
uploading.CD2 (112,60 MB)





Sobre a matéria abaixo relacionada:

Durante pesquisas sobre arquivos de áudio, remasterizações, etc., as vezes me deparo com um site onde a matéria possui algo em comum, isso em decorrência dos critérios de procura no Google. Sempre que o texto me parece interessante procuro compartilhar no blog, independendo da data em que foi concebido. "Pink Floyd" é atemporal, em cada interpretação coerente, mais um tijolo estará desconstruindo o muro. Quem poderia imaginar alguns anos atrás, "The Wall" ao vivo em 2013? Também inclui no texto, o documentário dos bastidores do filme. Na sequência, o texto original da PRRP, sobre seu trabalho e a ideia da equipe envolvendo Pink Floyd / Animals / The Wall.


Pink Floyd – The Wall
The Making Of The Wall Documentary



The Wall (Inglaterra, 1982)
Direção: Alan Parker.
Roteiro: Roger Waters.
Atores: Bob Geldof, Christine Hargreaves, James Laurenson, Eleanor David,
Kevin McKeon, David Bingham, Alex McAvoy.
Duração: 95 minutos.
Gênero: Drama, Musical.


The Wall - Uma obra de arte conceitual 

O filme foi um sucesso de bilheteria, assim como o disco que é considerado como o *álbum duplo mais vendido da história! Você já parou para pensar por que gosta de "Pink Floyd"? 

Além de todo o talento musical deste grupo, existe uma característica no "Pink Floyd" que poucas bandas possuem, e que atrai milhões de fãs em todo o mundo ao longo de décadas: a possibilidade de se envolver intimamente com as letras.

Alguns podem achar exagero, outros sabem muito bem do que falo, porque também o fazem. E eu digo para vocês: se você não entrar na história, não se envolver, o álbum "The Wall" será sempre um simples CD (ou vinil) duplo da capa branca, com "azulejos" e monstrinhos desenhados e que tem aquela música do "Hey teacher!". Porém, se você assistir o filme, deixar as músicas entrarem em seu coração, e passar a enxergar o muro que envolve a cada um de nós, verá que "The Wall" retrata as nossas próprias vidas, nosso sofrimento de pessoas inteligentes que se importam e sofrem com o mundo que está aí.

Afinal de contas, aquele filme não é simplesmente uma história baseada na vida de "Roger Waters", pois, se você prestar bastante atenção, descobrirá que essa "autobiografia incrementada" é apenas um pretexto para "Waters" e, por que não, "Gilmour" e "Ezrin", apontarem tudo o que há de absurdo neste mundo louco em que vivemos.

Este texto não tem a pretensão de descrever tudo o que "Roger Waters" quis expressar com o álbum e com o filme, pois talvez nem ele próprio tenha ideia da dimensão que sua obra tomou e das inúmeras interpretações que podem surgir sobre a obra "The Wall" em si. É apenas uma tentativa de um fã de expor suas idéias, e tentar fazer com que as pessoas que gostam do Pink Floyd, mas eventualmente ainda não compreenderam The Wall, tenham uma ideia próxima do que ele significa.

Eu não posso dizer que tudo o que está aqui seja verdade, como ninguém poderá dizer que estou mentindo; pois esta é apenas uma interpretação pessoal de uma obra muito complexa e abstrata, apesar de realista.

"The Wall foi um álbum incompreendido" Richard Wright


1ª part. The Making Of The Wall

A História

Na verdade tudo começou com  a tour "Animals", que foi uma espécie de genitor de "The Wall", onde "Waters", inspiradíssimo no livro de George Orwell "A Revolução dos Bichos" (para mim o melhor livro que já li) critica o caráter do ser humano comparando-o aos animais, onde tudo acaba como começa: antes os fazendeiros dominavam seus animais, até estes decretarem uma revolução contra seus donos, expulsando-os. Eles abominavam qualquer tipo de atitude semelhante a um humano, lembrem-se "quatro patas bom, dois pés ruins". Depois de muito tempo, a ganância e o poder sobem às cabeças de seus líderes (os Porcos) que no final acabam agindo igualmente aos seus ex-donos humanos e começam a se vestir com roupas e andar como bípedes e no final se torna "quatro patas bom, duas melhor ainda". Então "Waters" radicalmente desenvolveu sua crítica criando "The Wall".

Uma parte da ideia surgiu num desastroso show da turnê "In The Flesh" de 1977 onde "Waters" cuspiu na cara de um membro da platéia que invadira o palco. Isso se tornaria um dos temas do álbum. O desastre do show de 77 acabou virando inspiração para a monumental turnê de "The Wall" que aconteceria nos anos de 80/81. O primeiro show foi marcado por um incêndio logo no inicio quando uma das cortinas acabou pegando fogo devido aos fogos de artifício que eram lançados.

No ano de 82 o tema de "The Wall" ganha um filme com direção de Alan Parker e o ator Bob Geldof no papel principal. Embora o filme tenha ganho um bom reconhecimento da mídia, "Waters" não ficou satisfeito com o resultado final.

The Wall significa "o muro" em português. Este muro é algo abstrato, um sentimento de angústia que prende nossos corações e nos isola do mundo, nos dando a impressão de que não existe saída para nossos problemas.

Marcado pelas letras contundentes compostas por "Waters", o disco tem uma qualidade sonora marcante, com destaque para a atuação de "Gilmour" na guitarra e "Wright" nos teclados. Está repleto de ruídos, gritos, vozes, mensagens ocultas, diálogos, faz a alegria daqueles que procuram a riqueza dos detalhes.

O grupo começou a se dissolver com as diferenças que surgiram entre "Waters" e "Wright", causadas pelo início da paranoia de "Waters" e pelos problemas com drogas de "Wright", que acabou demitido do grupo, embora tocando como músico contratado durante os shows. Isto é um grande problema quando as outras pessoas estão discutindo quem fez o que e quem leva os créditos. "'Roger' e 'Dave' estavam trabalhando como uma dupla, colocando-me de lado. Houve momentos em 'The Wall' em que os dois fizeram tudo. 'Rick' estava incapacitado e eu não podia fazer nada para ajuda-los." "Nick Mason" 

"Nós tínhamos um estúdio no sul da França, onde 'Wright' ficava hospedado. Os outros alugaram casas a cerca de 20 milhas de distância. Íamos para nossas casas de noite e dizíamos a 'Rick': Faça o que quiser, aqui estão as trilhas, escreva algo, inclua um solo, faça algo. Você tem todo o tempo do mundo para fazer isto... Durante todo o tempo em que estivemos lá, e foram vários meses, ele não fez nada. Ele não era capaz de tocar nada!" "David Gilmour"

"'Roger' nos apresentou o álbum em um demo, e todos sentimos que era potencialmente muito bom, mas musicalmente fraco, muito fraco. 'Bob Ezrin', 'Dave' e eu trabalhamos nele para torná-lo mais interessante. Mas 'Roger' e seu grande ego naqueles dias, ficava dizendo que eu não estava me dedicando o bastante, apesar de não me deixar fazer nada. A crise veio quando nós todos saímos de férias depois do fim das gravações. Uma semana antes das férias terminarem recebi uma ligação de 'Roger', que estava na América, convocando uma reunião do grupo imediatamente, onde disse que queria que eu abandonasse a banda. A princípio recusei. Então 'Roger' disse que se eu não saísse após o lançamento do álbum ele abandonaria o grupo naquele instante e levaria as gravações com ele. Não haveria álbum nem dinheiro para pagar nossas enormes contas. Tive que aceitar, tinha duas crianças para criar. Foi terrível. Agora eu sei que errei, era um blefe de 'Roger'. Mas eu realmente não quero mais trabalhar com esse cara... Nunca mais." "Richard Wright"

Ironicamente ele foi o único a ganhar dinheiro, já que o custo dos shows era tão elevado que o grupo simplesmente levou prejuízo. "Wright", como contratado, recebeu seu salário e saiu com vantagem.

Foi um verdadeiro sucesso comercial, permaneceu no topo das paradas americanas por 15 semanas e levou o disco de platina em março de 1982, por ter vendido um milhão de cópias.

Realmente, "Waters" fez de tudo para demonstrar que todos os acontecimentos ruins da vida do personagem da história (ele adotou o nome Pink Floyd para ele, lembram?) não foram provocados, mas eram inevitáveis. "Coisas que acontecem e existem, e que não se podem mudar".

Embora no álbum a ideia que se passa não seja essa, no filme, toda a história se desenvolve em um devaneio do "Sr. Floyd", sentado em seu quarto e olhando fixamente para a porta. Sonho esse formado por memórias de sua vida (péssimas, por sinal).

2ª part. The Making Of The Wall

In The Flesh? Dá a introdução da história. Tudo no filme é contado através de imagens muitas vezes surreais, algumas cenas que à uma visão superficial parecem desconexas, animações que acentuam o clima onírico da obra, vagando entre a realidade, a lembrança e a bad trip, e, principalmente, através das letras das músicas, já que o filme não contém quase nenhum diálogo. E nosso herói (interpretado no filme por Bob Geldof) nos convida a descobrir o que há por trás daquele olhar frio e do seu disfarce "nazista". E, nessa mesma música, Pink relembra a primeira desgraça inevitável de sua vida: A morte de seu pai na 2ª guerra mundial (o pai de Waters realmente morreu nesta guerra) ainda na sua infância, pelo avião que aparece no filme e na música.

Guerra é o primeiro absurdo do mundo retratado na obra, e influenciará a personalidade do menino Pink para o resto de sua vida. "When the Tigers Broke Free", "The Thin Ice" e "Goodbye Blue Sky" são as músicas que introduzem, junto com "In the Flesh?", o tema guerra na história.

Aliás, em "Goodbye Blue Sky", pode-se notar uma severa crítica ao Governo, mais especificamente o da Inglaterra. No filme, a bandeira inglesa se transforma em uma cruz fincada no chão e sangrando, significando que por trás do ideal de defender a bandeira, se esconde a morte. "Foi assim que o Alto Comando tirou meu pai de mim", diz a letra de "When the Tigers Broke Free".

Outra influência que a morte de seu pai trouxe foi a própria ausência deste, no desenvolvimento de Pink. Isso é mostrado na cena em que ele está no parque, sozinho, e encontra um senhor que lhe parecia simpático. Pede a ele para que o ponha em cima do brinquedo. Porém, quando Pink pensou que havia encontrado um pai, o homem rejeita sua mão e empurra-o para longe. Triste, o menino senta no balanço, sozinho, e observa as outras crianças felizes, brincando com seus pais.

E o muro ganha sua pedra fundamental, seu primeiro tijolo. Afinal de contas, a morte do pai na guerra foi para Pink apenas um tijolo no muro, como diz a música "Another Brick in the Wall part I".

"The Happiest Days of Our Lives" e a clássica "Another Brick in the Wall part II" (quem não conhece "aquela do Hey Teacher!"?), põem em discussão outro alicerce de nossa sociedade: a educação. "Roger Waters" define a educação como uma alienação (representada no filme pelas máscaras com botões no rosto das crianças), fazendo com que as pessoas, ainda crianças, percam sua identidade própria e pensem o que o Governo quer que elas pensem. O sarcasmo e a violência com que os professores tratam os alunos (segundo "Waters") na sala de aula são atribuídos aos problemas que eles (professores) enfrentam em casa com suas "esposas psicopatas e gordas". No filme, o pequeno Pink sonha em ver todos os alunos destruindo a sala, queimando a escola e jogando o professor no fogo, enquanto "Gilmour" toca seu solo de guitarra. Destruir a escola é uma atitude própria de quem não foi alienado pela educação, e por isso é contra ela.

Cabe aqui uma observação: muitos de nós, fãs do "Pink Floyd", não damos o devido valor à música "Another Brick in the Wall part II", um verdadeiro clássico do rock mundial. Porém, nunca devemos esquecer que é esta a música mais famosa de nossa banda. Além do mais, que outro grupo de rock teve a coragem de colocar as próprias crianças cantando contra a educação? É exatamente esta ousadia que faz desta música uma das maiores e mais conhecidas do mundo. "Another Brick in the Wall part II" acabou se tornando um símbolo da revolta. Não da revolta pura e simples, sem motivo; mas da revolta consciente, de pessoas que não se acomodam com o que vêem de errado e precisam se manifestar.

Outro grande fator que viria a influenciar a personalidade do menino Pink é por parte de sua mãe ("Mamãe vai te ajudar a construir o muro"), retratada primeiramente na música "Mother". A infinidade de perguntas que Pink faz a sua mãe na letra da música indicam a sua dependência com relação a ela. "Waters" procurou (como não podia deixar de ser) estender as características da mãe no filme à todas as mães, usando frases como "Mamãe vai sempre descobrir onde você esteve", "Mamãe vai checar todas as suas namoradas", "Você será sempre um bebê para mim", entre outras que realmente expressam como são a grande maioria das mães.  E neste caso, tentando “compensar” a ausência paterna, se torna “vítima” de sua superproteção, que lhe suga toda autonomia com o passar dos anos, escolhendo desde roupas para vesti-lo e até as namoradas. Mas junto com toda essa proteção, a mãe também depositou todos os seus medos no filho. Tudo isso fica explicito em Mother.

"Mãe, será que devo construir o muro?". Aqui já podemos perceber o desejo do menino de se isolar do mundo.

Ainda em "Mother", podemos apontar outro tema muito explorado em "The Wall": o relacionamento entre homem e mulher. No filme, aparece o contraste entre o menino curioso, que observa a vizinha trocando de roupa com o binóculo, e o homem revoltado, que prefere o jogo de futebol (observe que nem no jogo ele presta qualquer atenção) do que fazer amor com sua mulher. Quais seriam as razões que levaram o personagem a perder esse desejo de adolescente? Em tese, a morte do pai, a superproteção da mãe e a revolta contra a educação podem ser apontados como motivos suficientes (segundo o autor) para isso. Como o próprio "Waters" observou, "O filme não é exatamente sobre um único indivíduo, muitas vezes o próprio 'Syd' inspirou certas coisas" Assim sendo, podemos interpretar também que sua "alienação" incluindo à própria relação da esposa, seria fruto do seu estado "confortavelmente entorpecido". 

Com certa razão, devido ao desinteresse do marido, a Sra. Pink acaba o traindo com um líder anarquista. No filme, Pink liga para sua esposa, mas o amante desliga o fone em sua cara duas vezes. A telefonista diz: "era um homem atendendo". Depois, naquela animação que aparece no início da música "Empty Spaces" (uma das melhores introduções elaboradas pelo "Pink Floyd"), o ensaio sexual das flores representa o relacionamento conjugal como ameaça à liberdade ausente de amor. No início, elas se esfregam e se acariciam. Num certo ponto, é evidente a representação nos desenhos de uma relação sexual (repare como as flores adquirem formas próximas dos órgãos sexuais). Até que, no fim, uma flor (a que representa a mulher) acaba engolindo a outra. Certamente, "Waters" sob o prisma de uma mente adoecida, quis com este desenho estender a característica de traidora à todas as mulheres, assim como ele fez com as mães e os professores.

Após a festinha que ocorre durante a execução da música "Young Lust", uma das mocinhas entra no trailer de Pink. Era a chance dele "descontar" a traição, mas isso não aconteceu. Ao invés disso, (o fato apenas contribui à sua visão de promiscuidade das mulheres), e numa das cenas mais chocantes do filme, o marido traído põe para fora toda a raiva, quebrando todo o seu trailer em cima da intrusa. Era uma de sua crises ("One Of My Turns").

3ª part. The Making Of The Wall

Na verdade, o roteiro do filme não é muito fiel às letras do álbum, pois se as observarmos, podemos verificar a seguinte sequência:

"Empty Spaces" fala sobre a fase pré-adolescente, onde nossos desejos sexuais começam a aflorar. O espaço vazio a que se refere o título é a necessidade de se relacionar com o sexo oposto. Estes desejos se aprofundam ainda mais em "Young Lust": "preciso de uma mulher safada...". Enquanto a letra da música sugere um "grande interesse" de Pink por mulheres, no filme ele é o único que não participa da "festinha". Seria só nesta música então que ele conheceria sua mulher, e não em "Mother".

Todo casamento acaba esfriando. É sobre isso que fala a letra de "One of my Turns", o momento onde a rotina toma conta do relacionamento e marido e mulher perdem aquele amor dos primeiros anos. "Com o tempo eu envelheci, você se tornou fria e nada mais tem graça". Seguindo esta linha de raciocínio, pode-se muito bem pensar que a mulher que aparece falando com Pink no início de "One of my Turns" é a sua esposa, e não uma fã ("Este lugar é maior do que nosso apartamento!").

Bem, seja lá como for, "Don’t Leave me Now" é a hora da traição e, em "Another Brick in the Wall part III", Pink declara a traição de sua mulher como mais um tijolo no muro, assim como todas as pessoas que o fizeram sofrer: "Vocês não passaram de tijolos no muro".

Agora o muro está completo.

A partir de "Goodbye Cruel World", ocorre uma mudança muito importante no filme: Floyd, dá adeus ao mundo real, e passa a "viver" no mundo que há dentro de seu muro, que, no filme, deixa de ser uma abstração e toma forma "real". O filme entra então numa fase de extremo simbolismo, com cenas mais loucas e de compreensão mais difícil. A história se desenrola em duas linhas: a da vida real e a das viagens dentro do muro.

Durante "Is There Anybody Out There", "Nobody Home" e "Vera", Floyd fica vagando pelo mundo de dentro do muro. Essa "viagem" representa um período de reflexão, sobre todos os motivos que deram origem a cada tijolo. O menino Pink acaba encontrando seu pai morto na trincheira; e a si próprio, na idade adulta, no canto de um sanatório abandonado. Vai à estação ferroviária esperar o trem que trouxe os sobreviventes da guerra, e não encontra o seu pai. "Alguém aqui se sente como eu?".

Enquanto isso, na vida real, ele acaba com todos os pêlos de seu corpo, inclusive as sobrancelhas! Um momento de extrema loucura em seu auto-flagelo.

"Comfortably Numb" é o cúmulo da tristeza. Sem dúvida, esta música deve ocupar, juntamente com "Another Brick in the Wall part II", um lugar entre as melhores músicas do "Pink Floyd" e do rock mundial. No filme, há uma mistura entre cenas do mundo real e o do muro. Pink está confortavelmente entorpecido em seu quarto, e é encontrado pelos empresários e companheiros de banda. Os médicos tentam reanimá-lo com uma injeção ("Ok, é apenas uma picadinha de agulha!"), ao mesmo tempo em que as péssimas lembranças de sua vida perturbam a mente do personagem.

Do ponto de vista do mundo real, a injeção causou efeitos colaterais e não funcionou como devia. Sua visão ficou turva, teve de ser carregado até o carro que o levaria para o show, e sentia que sua pele estava derretendo. Do ponto de vista do mundo do muro, este é um momento em que todas as péssimas lembranças se juntam e pressionam a cabeça de Pink, causando uma revolta tão grande que fez sua pele realmente "derreter" e se descolar do corpo, como se libertando das correntes que o prendiam ao passado. Tudo isso acontece enquanto "David Gilmour" executa um dos melhores solos de toda a sua carreira (se não o melhor), expressando toda essa revolta de uma maneira enérgica, mas ao mesmo tempo "bonita" em um claro processo de transição.

Nos shows, aquela esfera espelhada que aparece sempre que "Comfortably Numb" é tocada representa o desejo de manifestar a revolta a todo o mundo, através dos raios de luz, e também do solo de guitarra.

Outro momento importantíssimo da história: Pink consegue se livrar da sua pele, e por baixo dela aparece um uniforme estilo nazista. Percebe-se aí, o repúdio à morte de seu pai na 2ª Guerra Mundial (lembrem-se que foi esta a guerra contra o nazismo), e aflora a dualidade que se manifesta durante o processo de transição, levando-o a um comportamento avesso a sua submissão, externando sua revolta com requintes de sarcasmo. A partir dai, a suástica dá lugar a dois martelos cruzados, representando o desejo de se derrubar o muro, ou seja, se libertar das angústias e viver normalmente.

Aqui você deve estar pensando: mas não foi o próprio Pink que construiu o muro para se isolar do mundo? Por que agora ele quer derrubá-lo?

Para entender esta aparente contradição, você deve se colocar no lugar da personagem. Você com certeza não iria querer se isolar do mundo. Pink também não. Porém, se aqueles fatos (morte do pai, mãe super-protetora, professor carrasco, traição da mulher) acontecessem em sua vida, é bem possível que no seu inconsciente haveria um desejo de se isolar dos fatos. O muro é construído no inconsciente, e nós só nos damos conta de seu tamanho quando ele está muito alto. Traduzindo para a linguagem do mundo real, nós nos isolamos quase sem querer, e só percebemos nosso isolamento quando já estamos quase sem saída para nossos problemas. Neste ponto, você também não iria querer quebrar o muro?

Pink vai para o show. Mas, em sua cabeça, em repúdio a tudo e através do muro, o show ironicamente toma uma aparência nazista, com braços esticados e tudo o mais. "In the Flesh" e "Run Like Hell" são as músicas deste trecho, talvez o único momento próximo de ser lúcido do personagem, já que é a parte que ilustra a vontade de sair do isolamento e manifestar os sentimentos. Novamente podemos ver as máscaras de botão no rosto das pessoas e outra dose de ironia ("É melhor você colocar aquele seu disfarce favorito, com os olhos cegos de botão..."), representando alienação. Existem duas hipóteses para explicar o significado das máscaras no show.

4ª part. The Making Of The Wall

Pode ser uma nova referência aos governos (com Pink fazendo o papel de "líder político", alguém maquiavélico como Hitler). Neste caso, o significado da cena seria que todo tipo de governo pode ser comparado ao nazismo, pois todo governo acaba alienando as pessoas através da educação e da propaganda sugestiva. Podemos muito bem tomar o exemplo do Brasil. Como pode um presidente entregar os bens seu país aos interesses minoritários de uma forma tão grotesca (vide o caso das nossas florestas sendo devastadas), e o povo não fazer nada? Abster-se do compromisso com a qualidade da educação e da saúde, e o povo não se revoltar como um todo? Isso pode ser explicado pelo simples fato de que o nosso povo é alienado, assiste TV demais e prefere acreditar em tudo o que o governo diz através dela. Não se importa com a política de seu país e ainda acha que só os "Dramaticamente corretos" têm a capacidade de governar ou melhor dizer "a arte de representar, governando". Podemos ser enganados desde que seja um trabalho bem feito... Alienação pura !!!

"Waters" está criticando (ou alertando), seus próprios fãs. Segundo ele, nós ouvimos suas músicas sem ao menos saber o que elas significam. É uma grande injustiça generalizar, já que a maioria de nós, "floydianos", somos fãs do "Pink Floyd" justamente por causa das idéias e das letras. Mas todos nós sabemos que o relacionamento de "Waters" com seus fãs não era um mar de flores, embora devesse entender que nem todos têm a visão de um gênio, imortalizando seus pensamentos através de sua arte. Além do mais, talvez ele não esteja criticando os verdadeiros fãs, mas as pessoas em geral que casualmente ouvem suas músicas.

"Waiting for the Worms", além de fazer referência à enganosa propaganda de um regime ditatorial, é o momento da guerra entre os martelos e os tijolos. Representa nossa luta contra o isolamento e suas causas. Mas lutar contra este isolamento não é nada fácil. O muro é mais forte, não adianta dar socos na parede, e em "Stop", Pink se cansa de lutar. Em seu devaneio, ele é preso por ser "nazista". Na linha real, o guarda encontra "Pink" cansado do show e sentado no canto de um sanitário, bebericando um pouco da água da privada em outro caso de auto-flagelo, decorrente do repúdio por si mesmo.

Chegamos à fase final da história: a hora do julgamento ("The Trial"). No filme, é uma parte feita com desenho animado, onde cada pessoa que participa da sessão é representada por um desenho alucinante. Pink vira um simples boneco de pano, sem movimentos, sem vida, ilustrando a sua ausência, e consequente impossibilidade de se defender das acusações. É um julgamento tipo "Juízo Final". Podemos ver o professor (em uma cena, aparece um boneco de uma mulher gorda e feia, a mulher do professor, que bate no boneco que representa o professor, que por sua vez, bate no boneco sem vida que faz as vezes de Pink), a mãe (o abraço dela de transforma em um muro, demonstrando seu princípio), a esposa em sua placidez, entre outros.

Pink é culpado por construir seu próprio muro. Aquele Juiz que aparece dando o veredicto final representa a sociedade, o mundo, as outras pessoas. Tanto é que, no final da música, um grande coro grita: "Derrubem o muro". É a representação da sociedade tomando para si o muro com algo coletivo. Ela não se importa se os motivos que levaram Pink ao isolamento são válidos, se o mesmo teve culpa ou não das desgraças de sua vida. O que importa é que Pink representa o muro, um ser isolado, e se todos agirem assim quem irá se submeter as regras? Portanto não pode mais sê-lo. O muro deve ser quebrado. E assim se faz.

"Outside the Wall" tem um significado muito bonito: trata das pessoas que estão do outro lado do muro, que amam a pessoa que está isolada, mas não são "vistas" por esta, e algumas delas acabam desistindo. "Afinal não é fácil bater seu coração contra o muro de um louco errante."

As crianças no final do filme representam o que cada um de nós vai fazer após assistir o filme: recolher tijolos do muro de Pink e começar o seu próprio muro, ou jogar a sujeira fora e tentar viver uma vida saudável. Você escolhe !

Considerações Finais

"The Wall" é uma obra de protesto contra o mundo, as suas bases, e as pessoas que o formam. "Waters" procurou demonstrar como cada fator influenciou à vida do personagem, e como pode influenciar a vida de cada um de nós. O Governo e a guerra lhes tiraram o pai, sua mãe aprofundou seu isolamento com sua superproteção, a escola alienou todos a sua volta, e a mulher o traiu por causa do seu desinteresse, já que a esta altura ele já não tinha controle de seus sentimentos, entorpecido na alienação em sua fuga da realidade. Um muro gradualmente construindo, que se outrora o protegia, hoje o sufocava, entretanto precisava e não se via sem ele, refém de seus próprios medos e limitações. Tudo o que gerou o muro, gerou suas consequências.

Para Pink, o mundo estava errado. Mas para o mundo, quem estava errado era o muro. Ele era o isolado, o diferente, o louco.

Quantas vezes isso não ocorre na nossa vida: enquanto nós podemos ver claramente inúmeros erros grotescos na sociedade, e nas pessoas, quando vamos falar com estas pessoas sobre o que está errado, quem acaba se passando por alienado somos nós mesmos. Porque Pink somos nós, dia a pós dia arquitetando o muro que cada vez se ergue mais firme sobre nós, enquanto nos desconstruímos como pessoas, nos tornando meros bonecos de pano, sem vontade própria, como fantoches sendo manipulados. Muros estes que dividem o artista do público, o próprio "Roger Waters" foi taxado de depressivo pela crítica por causa do "The Wall". Isso ocorre pela primeira vez geralmente logo na idade escolar, onde já podemos enxergar as diferenças entre nossos colegas, o “esquisito” do resto da turma,  e sucessivamente, do resto dos colegas do trabalho, da família…  Muro este que dividira as duas Alemanhas, se relacionarmos com a Guerra.

Daí, quando nos vemos diante de um dilema como este, nosso instinto acaba tomando uma decisão, de nos juntarmos aos alienados ou não. O muro começa aí, e só vamos nos dar conta dele bem mais tarde...

"The Wall" com todo o simbolismo e as metáforas que compreende, dada a sua complexidade, faz com que a cada vez que seja assistido, seja visto com outros olhos, e cada vez mais desvendado e sentido, e principalmente, vivenciado.

Quebrar o muro significa mudar o mundo, para que não precisemos mais ficar isolados dele. Mas isso é muito difícil, Pink não conseguiu. Ao invés dele quebrar o muro, a sociedade é que o derrubou. Se encaixar em uma sociedade doente também não é sinal de sanidade ou saúde. Ter o muro derrubado significa ter suas idéias expostas e ridicularizadas por esta sociedade,  voltar a ser chamado de “alienado” pelas pessoas que se julgam normais. Ácido, crítico, belo e doente, a história reconhece que às vezes é inevitável esse distanciamento, e nem de longe aponta uma solução. 

Então, o que devemos aprender com The Wall ?

A verdadeira mensagem está naquele menino que aparece no final do filme, que joga a sujeira fora da garrafa: talvez não precisemos nos isolar do mundo para tentar mudá-lo, mas sim, limparmos a sujeira de nossos corações e seguir em frente. Temos que quebrar os tijolinhos que aparecem no dia-a-dia constantemente, e não deixar que eles formem um muro enorme.

Se chegamos a esse ponto, onde estamos cercados por todos os lados, podemos sempre escapar por cima: com cada um desses tijolos, ou de tijolos novos, poderíamos construir uma escada, por que não?


E você já reparou que, com todo o seu sofrimento, Pink não disse uma palavra contra Deus?

A Fé, é fundamental; existem escadas nas artes, no cinema, na literatura, na música e há paz no convívio com a Natureza. De qualquer modo, todos esses degraus podem ser úteis pra te lançar às alturas, para que enfim, liberto de repreensões, (embora, sempre existirão novos desafios, pois a vida se renova a cada dia), podemos por fim aprender a voar.

Pois é, se o muro te cerca pelos quatro lados, a saída está lá em cima. Sempre.

Por: Erico C. Pezzin

Gerald Scarfe on the making 
of Pink Floyd's The Wall



PRRP
Why A Wall? 

In 1977 Pink Floyd was one of the most successful bands in England. Albums like Dark Side of the Moon, Wish You Were Here and Animals had brought them money, fame and influence…but all was not well. Both artistic and financial problems existed. There have been many explanations given for how the next project The Wall developed but this one comes from Roger Waters in an interview with the BBC in 1990:

“The album and the concert developed out of me doing a tour with PF in 1977 with an album called Animals that we had out then. We toured America and played only in large outdoor stadiums, lots and lots of them, finishing up in the Olympic Stadium in Montreal. And I loathed it, I thought it was disgusting in every way, and I kept saying to people 'I'm not really enjoying this, you know, there is something very wrong with this'. And the answer to that was 'oh really? Yeah well, do you know we grossed over four million dollars today' and this went on more and more. 'Do you know how many people--98,000 people here' and it began to dawn on me that the only thing anybody was interested in was the grosses. Which is not why I got into music really? And so at a certain point something in my brain snapped, and I thought this is awful, and so I developed the idea of doing a rock concert where we built a wall across the front of the stage, that divided the audience from the performers, because it was a wall that I felt was really there, and that was not a physical wall, an invisible one.” – R. Waters


As reported by Povey and Russell in their book In The Flesh, despite their popularity, Pink Floyd also had serious financial difficulties at the end of theAnimals tour. At that point, Waters had two new projects for the band to consider: The Pros and Cons of Hitch-Hiking and The Wall. For both artistic and financial reasons, The Wall was chosen with expectations of an album, a tour and a movie. Recording began in November 1978 and took one full year using both Superbear studios in France and the Los Angeles Production Workshop. Though the general concept for The Wall and its musical components were the creation of Roger Waters, Bob Ezrin was asked to join the project and help with the production of the show.

War….What Is It Good For? 

The Wall is thought to have many themes and messages but one of the most prominent is the impact of war on survivors who have lost family members to its violence. Though Waters has denied that The Wall is autobiographical, the loss of his own father during World War II seems to be portrayed in one of the first scenes of the show. Phil Rose, in his book Which Ones Pink? notes this to be one of the first “Bricks in the Wall”. For the main character –Pink- the subsequent inability to form close, mature relationships is thought by many to be the main issue of the story and has its roots in the loss of his father at an early age. This emotional trauma not only affects Pink but also his mother. She is portrayed as over protective of her son, the only remaining member of her family. Yet, at other times she is distant and aloof as Pink is also a constant reminder of the loss of her husband. The song “The Thin Ice” shows how this significant loss is further compounded by the mother’s attempts to protect her son from grief. In reality, this is just a failure on her part to help him mourn the loss of his father. Rather than understand that his father is dead, Pink has no choice but to think that he has abandoned his family. “Daddy, what d’ya leave behind for me?” is Pink’s expression of anger at his lack of understanding of the situation.


With no father, Pink grows up looking for replacement father figures. Sadly, the school master not only fails to fulfill this role as a nurturing male role model, he actually compounds Pink’s fragile emotional state with ridicule and criticism…”Another Brick in the Wall”. The lack of connection to others stems in part from the lack of connection to his father and is repeatedly symbolized by an incomplete telephone call. As Rose explains, there is then a progression in this emotional pathology: The remorse that Pink feels over the (eventually acknowledged) loss of his father to the evils of Fascist Germany is transferred into his own Fascist hatred and is directed at his audience. The importance of this single loss and the futility of war are further emphasized by 

Waters by the inclusion of the song “When the Tigers Broke Free” in the movie version of The Wall and the development of the next album, The Final Cut.

The Wall in Germany….Or…The German Wall 

It is quite interesting that Pink Floyd chose Dortmund, Germany to be one of only four cities in the world that would see a live Wall performance. 

Though the show describes the development of an emotional and psychological wall, at the time of these Dortmund shows, the German people were coping with a physical wall –the Berlin Wall. It is ironic that on July 21st, 1990 Roger Waters returned to Germany to perform The Wall once again in celebration of the fall of this barrier and the reuniting of the country.


The show must have been difficult for the German audience on a number of levels. Again, the death of Pink’s (Water’s) father at the hand of the German army is made clear at the beginning of the show. With the multiple psychological difficulties for Pink clearly developing after this event, blaming the German Nazi’s for Pink’s dysfunctional life is certainly understandable. Gerald Scarfe’s animation sequences during the show only reinforce the destructiveness of war and the Nazis as one of the clear villains of the story. The Marching Hammers, the Nazi-like arm bands, the morphing of a dove into a menacing German eagle and Pink’s own transformation into a Hitleresque figure during “In The Flesh” are just some examples of this clear portrayal of the German army as evil. It is therefore also ironic that the Red Army Choir was used on stage during the 1990 performance. And yet, the audience viewing these shows must have understood Water’s message since most of them in 1981 would have had no memory of a unified Germany and therefore would likely empathize with Pink (and Waters) when presented a story about separation and barriers. 

Our Wall 

There were 31 total Wall shows and 8 of them occurred in Germany. The show presented here is the 6th German performance and was seen on February 18th, 1981. We were fortunate to obtain both a CD copy of the master tape and copies of pictures taken at that event. In addition, during each Wall show, Roger Waters would present a unique dialogue before the song "Run like Hell". On this night, Roger says: “Thank you, thank you. Do you like our pig? He doesn't seem to like you very much. Go on, piss off pig. We're not very keen on animals...the only good animal is a dead animal! In a minute, we're going to play a number for all the asteroids in the audience. It's called 'Run Like Hell,' and we can all CLAP, OUR HANDS! And it's gonna be fun!”


Overall, the remaster and artwork project turned out well in our estimation. In fact, with the reduction of noise and improvement in clarity the attentive listener may even hear the click of a near-by camera, especially during the song “Goodbye Cruel World”. Was it the man who took the pictures we used? We will never know…Maybe!

In any case, the Wall show was so rich with astonishing images and special effects that any photographer would have been at a loss as to where and when to click ! The amazing inflatable figures, based on Gerald Scarfe’s unique depictions of the story’s protagonists, alone were worth an entire roll of film ! The Wall show was laced with astonishing images that started with the first outburst of music and culminated with the final tearing down of the wall. Outside of the inflatable figures, endless projections of photographs and film made to enhance the story kept the audience in suspense, wondering what would come next. The surprise appearance of David Gilmour on top of the wall during the song “Comfortably Numb” is another fine example of just how mind-blowing the Wall show really was. Lucky audiences who attended any one of these shows will most surely remember them forever. 

So, why did we choose this title? 

"Between a Wall and a Hard Place", we think, symbolizes what The Wall is all about...the fact that we all live our lives with our backs against a wall, even if it is one that we build ourselves. Waters built a wall around himself to get away from the memories of his lost father, his ever-growing uneasiness with the huge crowds of rock concerts and the broken relationships brought forth by incessant writing and touring. In the end, he either had to express this on the famous double album or just go mad. The world is a hard place, and we all build walls to shelter from its realities, but if we hide behind them for too long, or too well, we end up alone. We all have to choose between a wall and a hard place. Most of us choose the hard place because, at least, we are not alone in it ! “The Wall” was an exorcism of sorts for Roger Waters and expressing his anger in that way must have been quite liberating for him, but in the process he built another wall between his vision and his band mates, one that destroyed what had been, up until then,a wonderful association. “The Wall” was to be the end of an era. 


Notes from the Re-Master

Choosing a Wall show to do was the first step of this project. Some have already been remastered very well so we did not want to duplicate other people’s efforts. After reviewing all the shows we found that some had good remastered versions, some had no remastered versions but very poor quality master tapes and only a few had good quality master tapes but no significant remaster. The Dortmund February 18th, 1981 show was the one we felt we could help the most.

We began with a SHN copy of the master tape. Upon initial review, the recording was found to be complete with tape flips occurring during applause so no patches of music were necessary. The quality of the recording was also felt to be very good but a number of problems were obviously present that needed correction. 

First, the Hiss noise was bothersome and obscured some of the details of the show. To make things more difficult, the hiss varied and was particularly pronounced during the acoustic guitar sections. Disc 2 also had a different Hiss profile than disc 1 suggesting that they might have been recorded on two different tapes. This called for multiple and variable noise reduction techniques to be used. Now, with much of the hiss removed, you can occasionally hear the click of a camera from someone close to the recorder taking pictures. This is particularly obvious during Goodbye Cruel World. 

Clicks and pops were also found and removed manually. Where whistles and other audience noises were excessive, they were reduced. Balance was also a major issue early on. The left channel was much lower than the right and was normalized with the right during dynamic adjustments. In general, the tonality needed a small correction. A bit of a bass boost and cut in the midrange helped to make the bass guitar a bit more noticeable and reduced the harshness of the guitar solos. Selective dynamic adjustment of tonality was also used where necessary. Dynamics were adjusted to increase the dramatic character of the show. Tracking was found to be incomplete. On disc 1 separate tracks were made for MC Introduction, Empty Spaces and A few Last bricks. Disc two was missing a separate track for In The Flesh. The whole show was re-tracked using the live, commercially available Is There Anybody Out There? as a reference source. Track gaps were found and eliminated during this process.


The final major issue in remastering the show was speed correction. Disc 1 had a gradually changing speed error that began as a stretch and ended as a compression. Using the commercial live version of the show as a reference, the magnitude of this error was calculated and the speed correction algorithm was applied. Disc 2 had more of a flat speed error that was also easily corrected.

PRRP Staff

*Segundo o site da “Record Industry Association of America” – Associação das Gravadoras da América – (RIAA), “The Wall” é o disco duplo mais vendido da história, e já bateu a marca das 11 milhões de unidades comercializadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por sua participação!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

David Gilmour


Por gentileza informe links quebrados - Please report broken links

Nome

E-mail *

Mensagem *