Red
A geração de 81 do "King Crimson" de "Fripp", época em que "Adrian Belew" e "Tony Levin" se juntaram a banda, teve reflexos bastante distintos do que até então pudemos ouvir (e nos deleitar). Como prova de sua intenção em rumos totalmente diferentes daqueles levados com o grupo até então, além de admitir um segundo guitarrista, "Belew" (que também assumiu os vocais), "Robert Fripp" que jamais tinha tocado com outro guitarrista na banda, abdicou do mellotron, do sax, e do violino, a direção musical mudou.
Por outro lado com seu método experimental e impressionista de tocar guitarra, incrivelmente versátil, a presença de Adrian (com algo em torno de 20 álbuns em sua carreira solo, inclusive indicado para o Grammy na categoria Melhor Performance Instrumental de Rock), iria propiciar Discipline (inicialmente o nome do grupo), o primeiro disco do grupo nos anos 80, e também o início de uma nova fase totalmente diferente de tudo o que a banda já havia feito até então, mas ainda mantendo um alto nível de qualidade. Agressivo e simultaneamente descontraído e complexo, o álbum é um clássico na discografia do "King Crimson" não só pela mudança na sonoridade, mas também pela criação de sons não explorados até então, no uso de tecnologia para criar timbres diferentes e na execução com instrumentos inusitados.
Entre algumas características marcantes deste período, justamente o trabalho feito pelos guitarristas em contraponto e polirritmia, o genial "Bill Bruford", que apresentou inovações tecnológicas para bateria além de sua famosa habilidade para tocar em compassos alternados, e o trabalho do excepcional baixista "Tony Levin" que se encaixa de maneira brilhante ao perfil pioneiro do grupo. Ele não só criou novas maneiras de se tocar contrabaixo na musica, como ajudou a difundir a técnica de Two Handed Tapping e um instrumento pouco usual na época, o Chapman Stick de 12 cordas
Sem dúvida, outro marco histórico de uma banda que vêm desde o final da década de 60 revolucionando o rock progressivo sem nenhum grande apoio de parte da mídia. Este disco mudou o conceito sonoro de vários grupos nos anos posteriores ao seu lançamento, influenciando bandas como Primus e Dream Theater, entre outras, apresentou novos instrumentos, novos sons, e além de tudo é executado por quatro músicos geniais com larga experiência musical. Realmente um clássico que só poderia ser feito por uma banda com anos de estrada. Manteve o alto padrão de qualidade da década de 70, flertou com várias vertentes da música, e ainda criou uma identidade sonora que acompanhou o "King Crimson" até suas últimas apresentações.
Gosto mais das obras do "King Crimson" do período inicial até sua dissolução em 74, mas continuo a apreciar muita coisa desde então, a banda prossegue sendo uma das principais referências do gênero, aliás considerando a queda vertiginosa no potencial criativo do progressivo nos anos 80, este trabalho é fundamental à elegância do gênero.
Esta apresentação ocorreu no dia 30 de julho, 1982, logo depois do lançamento do álbum 'Beat' (como o próprio nome indica, aludi a geração beat), que representou o terceiro álbum desta encarnação. Entre os destaques, a de minha preferência, é a performance surpreendente da instrumental "Sartori in Tangier". O título vêm de um livro de Jack Kerouac, Satori in Paris, sendo que Paris foi substituída por Tangier (uma cidade em Marrocos) por ser uma cidade conhecida em reunir escritores da geração beat. Da mesma forma que "The Sheltering Sky", outra instrumental, título do livro do escritor Paul Bowles, constantemente associado com a geração Beat. A história no livro também é parcialmente localizada em Tangier.
'Thela Hun Ginjeet' do Discipline abre muito bem o show com sua música dinâmica, com Levin combinando linhas sólidas de baixo, ao trabalho das guitarras com diferentes estilos de Fripp e Belew, e a sempre majestosa percussão de Bruford. A música flui muito bem desde a abertura, e o lendário 'Red', ao meu ver, é outro excelente destaque desta apresentação. 'Red' ao vivo, é ainda mais interessante do que a versão de estúdio. Isto é principalmente devido ao baixo mais dinâmico, combinado com improvisações de guitarra, bem como da bateria. Como a exemplo da abertura de 'Indiscipline', onde Bruford realiza um longo solo de bateria tornando a faixa ainda mais atraente, e as harmonias são muito boas, especialmente os solos de guitarra e baixo.
No geral, este registro é gratificante por dois motivos. Em primeiro lugar, o desempenho dos membros da banda estava no auge, oferecendo excelentes desempenhos ao longo das faixas. Em segundo lugar, a qualidade sonora do registro é realmente excelente, muito próximo de uma versão de estúdio. Boa audição!
Sartori in Tangier
King Crimson
Live in Philadelphia 1982
Recorded July 30, 1982 at Mann Music Center,
Philadelphia, PA
The King Crimson Collectors' Club
CLUB26 (2004)
Tracks:
01 - Thela Hun Ginjeet
02 - Red
03 - The Howler
04 - Frame By Frame
05 - Matte Kudasai
06 - The Sheltering Sky
07 - Discipline
08 - Elephant Talk
09 - Indiscipline
10 - Neurotica
11 - Heartbeat
12 - Sartori in Tangier
13 - Larks' Tongues in Aspic Part II
Musicians:
Adrian Belew - guitar & vocal
Robert Fripp - guitar
Tony Levin - bass guitar & Stick
Bill Bruford - drums & percussion
Indiscipline
Eu me lembro de uma coisa
Levei horas e horas mas...
Na hora em que eu terminei isso
Eu estava tão envolvido
Eu não sabia o que pensar
Eu carreguei isso comigo por dias e dias...
Fingindo
Como se eu não estivesse vigiando durante o dia todo
E então... olhei para isso.
Para ver se eu ainda gostava
Eu gostava
Eu me repito quando estou estressado
Eu me repito quando estou estressado
Eu me repito quando estou estressado
Eu me repito quando estou estressado
Eu me repito...
Quanto mais eu olhava para isso
Mais eu gostava
Eu acho que isso é bom
O fato é que...
Não importa o quanto eu examinava de perto
Não importa o quanto eu me afastava
Não importa o quanto eu tentava destruir
Parecia consistente
Eu queria que você estivesse aqui para ver isso
*A letra de Indiscipline foi baseado em uma carta escrita por Adrian Belew para sua esposa na época, Margaret Belew. O objeto misterioso pelo o qual o personagem da letra esta obcecado seria uma escultura que ela fez.
Mp3 - 320 Kbps - 48 kHz
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